domingo, fevereiro 29, 2004

"Awakening Americans"

We watch movies of murder and we censor the breast
Give thanks for the murders of Chris Columbus
We kill our own and we vote for the men
The lesser of evils and us starring in the role of victim

I wonder how we change if we can in this land
I wonder how many mountains we'd move if we bent together
Us priveleged Americans

We pass our revisions onto the next generation
We kneel to the Gods of corporation
We eat when we're full and we hoard all the rest
With our hands on remotes we say "Yes, We're the best"

I wonder what we change in this land, cause we can
Even with western centricity this rampant
Us ugly Americans

Tired are not my hands
But see strangers and enemies as part of me, is real.
For me this awakening Canadian

We teach our offspring for themselves, every man
We shrug our shoulders and create yet another -ism
We dissuade our young from using their imagination
We avert our eyes from this our very own manifestation

I wonder what will change in this land, cause we can
I wonder how many mouths we'd fill if we band together
Us awakening Americans


por Alanis Morissette

sábado, fevereiro 28, 2004

Os Messias do Apocalipse

O preconceito e a homofobia crescem em todos os lados [tal como as ervas daninhas]. Foi publicado no WorldNetDaily um artigo escrito por Kelly Hollowell [cientista(?)] que, aproveitando o contexto da polémica gerada nos EUA acerca do casamento gay, vem explicar a toda a comunidade homossexual que esta é um entrave à evolução da espécie humana. O artigo está muito bem escrito e recomenda-se por isso [... ... ...].

Encontrei depois no Gene Expression um post [que também merece ser lido] onde mostram que a senhora faz parte de um grupo chamado Answers in Genesis e onde se pode ler no site oficial UPHOLDING THE AUTHORITY OF THE BIBLE FROM THE VERY FIRST VERSE...

P.S.: ... ... ...

Cultura Visual

Para completar o post anterior, encontrei um site com vários artigos de Mark McLelland.

Visual Culture Research in Art and Education

Além de textos sobre a visão da homossexualidade no Japão, tem outros muito interessantes, por outras pessoas, sobre a cultura visual e a pop-art (com muito destaque no manga).

sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Vivências Queer – Outra Perspectiva

Há ainda muito a conhecer sobre o desenvolvimento das vivências queer. Muito daquilo que tomamos como certo pode tornar-se muito perigoso quando extrapolado para grandes massas, diferentes sociedades. E, mais uma vez, vou virar-me para Oriente.

O contexto em que se desenvolveu a sociedade nipónica ao longo dos últimos séculos é muito característico, devendo-se grandemente ao forte isolamento vivido nas ilhas até perto do século XVI (altura em se iniciou a invasão ocidental). Por isso mesmo a especificidade da cultura e vivências existentes nos dias de hoje não pode ser tomada ao de leve. É, muito importante, para se poder perceber, e de certa forma analisar, o Japão e as bases da sua sociedade enraizarmo-nos nele; pôr de lado o nosso ponto de vista ocidental é o ponto crucial para entendermos os japoneses – é, além disso, um exercício intelectual e de disponibilidade muito construtivo [e recompensador].

A questão da homossexualidade [assim como muitas outras temáticas] toma contornos diferentes daquilo a que estamos acostumados no Ocidente. No Japão actual as vivências queer não são, de modo geral, aceites. Mas também não causam problemas, sendo até por vezes difícil de compreender pelos japoneses o porquê de tantos problemas levantados em torno da questão. A aparente contradição tem uma razão de ser muito concreta: mesmo para a população heterossexual o demonstrar público de emoções é grandemente evitado [por vezes mesmo dentro da própria família], pelo que o assunto se torna unicamente do foro íntimo de cada um – este cenário tem vindo a alterar-se com as gerações mais novas, mas até há bem pouco tempo, o casamento não passava de uma união entre duas pessoas para gerarem família [o amor não era condição necessária]. Vários antropólogos e historiadores têm recentemente vindo a publicar várias obras onde desvendam as raízes das vivências queer no Japão ancestral e a sua evolução até aos dias de hoje: na classe samurai, durante o período de Tokugawa [séc.XVII-XIX], era prática comum a relação homossexual, sempre mantida na intimidade de cada um. Não obstante, é de salientar que isto não fez, nem faz do Japão um país mais liberal. Eu diria que o espírito vivido é mais despreocupado.

É também de salientar outro aspecto interessante: a grande resistência oferecida pela população homossexual japonesa à noção de “gay pride”. É um conceito que lhes faz “espécie”. Isto porque o simples demonstrar de emoções consideradas privadas em público não é “normal”, ou “natural” do ponto de vista que o é para um ocidental. Tal como Mark McLelland salienta no seu artigo [ver abaixo] isto pode ser vantajoso de futuro para um despertar da sociedade para estas questões de uma forma menos agressiva como se tem verificado por estes lados. De notar ainda que não existem movimentos anti-gay por parte da religião ou das instituições da família, isto porque as religiões do país (o budismo e o xintoísmo) não entram nesse tipo de contendas e não discriminam gratuitamente [estima-se que apenas 1% da população japonesa seja cristã].

Para aprofundar um pouco mais a questão recomendo vivamente a leitura do seguinte artigo escrito por Mark McLelland [2000] no Intersections sobre a temática geral “Cultural Translations, Cultural Appropriations: Spaces, Media and Performance”: Male Homosexuality and Popular Culture in Modern Japan. Aborda uma perspectiva das vivências dos LGBT no Japão, enquadrando-as no panorama actual da cultura popular (para os interessados em anime poderá ter particular interesse)

[adicionado] Sugiro também que leiam o pequeno artigo, mais recente, do mesmo autor: Kamingu Auto - Homosexuality & Popular Culture in Japan (versão PDF)

[adicionado] Outra leitura interessante por Dharmachari Jñanavira vem em Homosexuality in the Japanese Buddhist Tradition.

Desmembrando Mitos - o Beijo

Uma coisa que sempre me fez imensa confusão foi o pseudo-misticismo que envolve o macho latino [e tudo o que lhe está subjacente]. Nunca percebi muito bem a aversão demonstrada à simples visão de dois homens beijando-se [perceber até percebo, mas espanta-me a falta de fundamento deste tipo de atitudes]. Sempre cumprimentei de beijo os meus pais, os meus tios e avós e a restante família. Mas o facto é que à medida que fui crescendo, verificava que o cumprimento por beijo estava restrito ao ambiente familiar, “somos familiares, nutrimos afectos, temos desculpa” – fora deste ambiente é preciso mostrar a virilidade latente do homem, o macho forte que vai ser o chefe de família. Abraçar ainda se admite agora o beijo? Demasiado sensível. Tenho de admitir que estas atitudes, que ainda presencio muitas vezes, me causam uma sensação visceral de incredulidade. Acho que a primeira vez que vi dois homens cumprimentando-se com beijo, in vivo, foi quando fui à Grécia com o Ghast e mais um grupinho do secundário: recordo perfeitamente a cara de espanto de um dos professores que nos acompanhou quando um dos professores gregos lhe deu um beijo na face. Gostava de saber qual seria a atitude de um exemplar macho latino se tivéssemos alguns costumes tribais.

Na tribo australiana dos Walibiri consta que os homens se cumprimentam apertando os pénis uns dos outros. Pagava para ver o típico pai de família português em viagem com os filhos pelas tribos australianas. E seria normal.

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Prazeres Animais

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

Normal - To Be or Not To Be?

Muito se tem falado nos últimos tempos em normalidade e em ser-se, ou não, normal. Decidi portanto fazer uma pequena pesquisa acerca deste conceito donde vim a concluir que este é usado e abusado em vários domínios do (des)conhecimento humano. Assim:

Normal – usual, regular; diz-se da linha perpendicular à tangente de uma curva; perpendicular [em latim, ‘normalis’ indica a condição de ser usual] – este é um breve resumo do que consta em vários dicionários da língua portuguesa.

Tal como a minha intuição me dizia, ser normal depende de muita coisa. E o seu significado pode ocultar algo de mais profundo. Na língua chinesa (e suas derivadas, incluindo aqui também o japonês) este termo é representado pelos dois ideogramas kanji indicados abaixo e que se podem ler, em japonês, heijou.


Analisando cada um dos kanji, concluímos que o primeiro, lendo-se “hei”, significa pacífico, enquanto que o segundo, “jou” representa o usual, o regular, tal como o entendemos nas línguas de origem latina. “Heijou” será assim, literalmente, aquilo que praticado regularmente conduz à paz. Parece-me ser uma noção um pouco mais ampla daquilo a que temos por mania rotular como normal.

Dando agora um salto da linguística para as ciências. O conceito de normal, para além de ser utilizado como referido acima a um nível geométrico (de perpendicularidade), aparece constantemente em muitos ramos da ciência aplicado a nível estatístico como a Distribuição Normal ou de Gauss. Esta distribuição é um modelo teórico que descreve várias situações, em condições ideais [saliento o ideais] – usualmente quando os acontecimentos de um dado universo são gerados aleatoriamente – e que é dado pela seguinte função:



Esta é uma função contínua onde m representa o valor médio das observáveis x e s representa o desvio-padrão associado a estas. Um Teorema muito importante que está inerente a esta distribuição é o Teorema do Limite Central que nos garante que para um grupo de observações independentes, para conjuntos amostrais muito grandes, o sistema pode ser descrito por uma distribuição normal – o que nem sempre é viável.

Para aplicarmos a nível estatístico, admitamos as seguintes condições:

(1) Existe probabilidade de eu ser normal.
(2) O acontecimento “ser normal” tem distribuição gaussiana

Escolhendo um nível de significância de 95% (geralmente o mais utilizado), a frase “Eu sou normal” [correspondente ao acontecimento “Eu ser normal”] significa que se eu continuasse a verificar indefinidamente a minha condição de normalidade, em 95% dos casos iria de facto sê-lo dentro de um intervalo que abrangesse as várias observações de normalidade. Não obstante, nos restantes 5% não conheceria com exactidão a minha condição, sendo muito provável que fosse anormal.

E tu?


Post scriptum: Este post é da minha inteira responsabilidade. Todas as interpretações são da minha exclusiva responsabilidade. Qualquer modelamento encontrado ou afastamento à realidade é por isso normal dentro do intervalo de confiança que me derem.

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

A Arte da Vida

"O gene pgmG de Sphingomonas elodea"




AUTORES: Videira,P.A., Fialho,A.M. and Sa-Correia,I. em "Identification of the pgmG gene, encoding a bifunctional protein with phosphoglucomutase and phosphomannomutase activities, in the gellan gum-producing strain Sphingomonas paucimobilis ATCC 31461"

P.S.: Mais obras de arte semelhantes podem ser encontradas no NCBI - National Center for Biotechnology Information.

O Vislumbrar da Evolução

Uma equipa de investigação em biotecnologia da Universidade do Michigan presenciou recentemente aquilo que pode ser considerado "um passo evolutivo" quando uma estirpe bacteriana de Escherichia Coli (mais comumente conhecida por E.coli) foi capaz de alterar a actividade proteica de uma enzima que actua no processo biossintético do flagelo (que permite o movimento da referida bactéria).



Basicamente o que se fez foi, através da eliminação de vários genes, imobilizar colónias da estirpe num meio contendo nutrientes (ou seja usando estirpes em que, por manipulação genética, se inactivou a dita enzima). Ao ter a sua mobilidade impedida, a bactéria iria consumir todo o nutriente envolvente e, quando este desaparecesse, morreria.

Verificou-se que, num dos mutantes obtidos, a bactéria era capaz de alterar a função da enzima por forma a recomeçar a biossíntese do flagelo - assim, pode recuperar a sua mobilidade e não morrer de fome - a evolução em acção.

Fonte: Scienceblog.com
Para verem a noticia na sua totalidade cliquem aqui. (versão PDF)

P.S.: Aproveitei a oportunidade para adicionar uma secção de ciência aos nossos blinks. Porque a ciência já começa a surgir na blogoesfera, sugiro que visitem o Natural Philosophy.

domingo, fevereiro 22, 2004

Sexo Quase Virtual

sábado, fevereiro 21, 2004

Bom apetite.

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

"TOYS ARE US" Ensaio Fotográfico por Gabriela Domeisen


E para mudar o mood, mais um ensaio fotográfico fascinante, resultante de nova incursão pelo Mundo da Fotografia na FNAC. Desta feita, pela fotógrafa Gabriela Domeisen que, em fotografias a preto e branco recria o universo da sexualidade humana mostrando ao mundo que a bonecada não se resume à Barbie e ao Ken [e à sua recente separação]. Deem um salto ao site oficial da artista.







Deliciosamente inteligente.

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Curiosidade (ou talvez algo mais)

Sabiam que nas comunidades de morcegos vampiros quando acontece algo inesperado com os progenitores (ou quando estes precisam de se ausentar), outros morcegos se encarregam de tratar das cria e de as amamentar. Se por acaso os progenitores "originais" voltarem retribuiem o favor. E as crias crescem assim. E parecem ser felizes. Como as invejo.

O dia depois.

Hoje sinto-me triste. Triste enquanto ser humano. Triste enquanto animal. Triste enquanto ser pensante e criativo. O dia de ontem foi bastante agitado: passei o dia a ler noticias e blogs e sobretudo a reflectir. Li imensa coisa. Imensa gente por detrás de cada palavra. E tenho-me lembrado constantemente de algo que me disseram um dia "A democracia não é nem de perto nem de longe um bom sistema político, mas até aqui ainda ninguém arranjou nenhum melhor"...O Ghast mandou-me uma sms que me deixou muito pensativo onde dizia que a reacção das pessoas [à posição descrita no post abaixo de LVB] é "normal" porque tudo está a acontecer bastante depressa e as pessoas não mudam assim. Eu sei. Somos humanos.

De entre os vários comentários que li por muitos blogs e no próprio PÚBLICO, aquilo que mais me impressionou foi a convicção com que tanta gente opina [ok, eu já sabia isto, mas não deixa de me impressionar]. Desde argumentos científicos e anti-científicos, moralistas, discriminatórios, estritamente homofóbicos, "tolerantes"-mas-adoptar-crianças-é-que-não, pseudo-conservadores, evolucionistas, revolucionários, não consegui [salvo raras excepções] encontrar humildade nas palavras. Disponibilidade. Temos muito que aprender a nível civilizacional. A nível pessoal. Há ainda um longo caminho a percorrer para construirmos algo de novo para a sociedade, aliás, para as diversas sociedades. No entanto é reconfortante saber que ainda existe muita gente disponível para isso e que se dedica a essa árdua tarefa. As palavras de LVB são perigosas. Pela forma como foram proferidas. Pela intenção [e por tudo aquilo que está subjacente a ela]. Porque facilmente se desmorona um castelo de cartas [que tem demorado séculos a ser construido].

"A pensar no bem das crianças!". Vou ser sincero. Sempre fui da opinião que se protegem demasiado as crianças - por vezes chegando ao limite de não as deixar desenvolver as suas capacidades latentes. Acho sim que devem crescer sem se ver privadas dos direitos humanos. Mas que o processo cognitivo por que passam deve ser rico e bem experienciado permitindo-as construir o trampolim que lhes permitirá saltar para o futuro. E devem ser amadas. E o Amor é dinâmico.

Não consigo deixar de me sentir ignorante e insignificante quando vejo a fragilidade das nossas construções sociais quando comparadas com a funcionalidade inerente às sociedades de várias espécies que coabitam connosco. Há muito trabalho a fazer. Aceitam-se voluntários.

Hoje estou como o Alberto Caeiro. Gostava de ser como uma pedra. Mas estou mais sereno. Just some thoughts...

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Polémica Villas-Boas

Declaro aqui oficialmente que me sinto profundamente desiludido [com requintes de crescente irritação] com a pessoa do senhor Luís Villas-Boas, director do Refúgio Aboim Ascensão em Faro - reafirmo que a minha posição é face à pessoa e não à instituição que ele representa. Não quero de forma alguma pôr em causa o trabalho das pessoas que trabalham no refúgio e que diariamente procuram ajudar dezenas de crianças com problemas familiares, de saúde, violência, etc.. [e eu próprio testemunhei este mesmo esforço à uns anos atrás].

CONTUDO, é LAMENTÁVEL [para não dizer mesmo asquerosamente deplorável] a posição que este auto proclamado psicólogo tomou em entrevista ao jornal Público quando confrontado com a recente decisão de um tribunal espanhol sobre a adopção de uma criança por um casal lésbico.

Em poucos parágrafos debitou comentários homofóbicos [sabiam que a comunidade homossexual é toda uma cambada de anormais? mas não são doentes, não, são desviadinhos coitados... ...] e digam-se, nada científicos [ para quem exerce psicologia, deveria ter alguma noção do quão afastados da realidade estão de facto os seus comentários ].

"A criança não deve nunca ser adoptada por homossexuais porque tal irá interferir com a sua "sexualidade natural"! A sério? Quem diria. [Custa-me a perceber esse conceito de sexualidade natural...]

"Qualquer criança também tem direito ao exercício da sua sexualidade original" - obviamente! é por isso que os putos quando nascem já vêm todos com um carimbo no rabo a dizer heterossexual. Se calhar é por isso que eu não o tenho.

Custa-me imaginar como é que alguém como este senhor pode ter o tipo de responsabilidades que lhe foram incutidas - nomeadamente o cargo de Vice-Presidente do European Forum for Child Wellfare (EFCW). Repugna-me.

Sugiro que leiam a brilhante resposta do Miguel Vale de Almeida. Para quem quiser expressar o que quer que seja, ficam também os links para o Refúgio Aboim Ascenção e para a Pró-Ordem dos Psicólogos à qual este senhor pertence (infelizmente):

(1) Refúgio Aboim Ascensão :: e-mail
(1) Pró-Ordem dos Psicólogos :: e-mail

Não comento mais porque me recuso a descer ao seu nível. Mas acho que um pedido de desculpas público lhe ficava bem.

terça-feira, fevereiro 17, 2004

(In)Visibilidades

Estava eu hoje no Instituto Superior Técnico, numa caixa multibanco, quando três homens de fato e gravata se põem por detrás de mim na fila de espera. Todos aparentavam cerca de 25 anos. Não pude deixar de me aperceber da conversa deles que girava em torno do estágio em que participavam. E até aí tudo bem. Mas foi então que ouvi os seguintes comentários:

- "(...) Epa mas estou farto daquele gajo!"
- "Quem?" - pergunta um deles.
- "O panilas! Aquele gajo não dá mais nas vistas porque não pode!"
- "Eiii tens razão. Um panilas de primeira. Não sabe falar sem berrar."
-"Ainda hoje de manhã estava ao telefone e gritava "Filha" para aqui e para acolá!" - disse o primeiro num tom efeminado sarcástico.
O terceiro que até aí tinha estado calado a ouvir os comentários disse como que num desabafo:
-"Mas que é que querem que ele faça? Ele é mesmo assim!"

A conversa terminou aqui. Ou pelo menos que eu me lembre. Fiz o que tinha a fazer e fui-me embora.

"Mar"

Mar

E se eu fosse como o mar?
Se fosse sóbrio como o oceano negro
Seria eu uma estrela reflectida do céu?

E se eu fosse como as ondas?
Se renascesse em cada maré
Possuiria eu a magia do amanhecer e do anoitecer?

E se eu fosse como a areia?
Se fosse como um búzio à beira-mar
Encerraria em mim o desvendar da génese?

E se eu fosse apenas uma reinvenção de mim
Numa tarde esquecida de Verão,
Sobre o sol-poente?
Ou o som de um violino antigo
Viajando com a maresia sobre as encostas?
Como seria?

"...sinto-te, crescendo em mim, sempre que voo embalado na maresia"


por Nuno Tenazinha


[AUTOR: Misha Gordon FONTE:bsimple.com]

P.S.: Descobri o site Bsimple.com através do Rui e do seu post sobre fotografia conceptual.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

No Comments





Remodelações

O Blog está sofrendo algumas alterações de design. Aceitam-se opiniões e sugestões :)

domingo, fevereiro 15, 2004

Mais Tambores do Japão...

Para quem perdeu o belíssimo espectáculo dos KODO ontem no Coliseu dos Recreios [aproveitando o comentário do Joaquim :)] aqui fica a sugestão:


O grupo YAMATO (Wadaiko-Yamato) vem a Portugal entre 14 a 18 de Abril [ALTERADO] para uma série de concertos da sua tour de 2004. Os concertos vão decorrer no Centro Cultural de Belém (com horário previsto para as 21 h dos dias já referidos). Este grupo trabalha com vários tipos de taiko (wadaiko) e têm já um repertório vasto. Mais uma oportunidade para celebrarmos a cultura nípónica!

+info:
(1) Centro Cultural de Belém
(2) Site oficial dos Wadaiko-Yamato

KODO - Magnificiente


Ontem eu, o TheVermelho e o Ghast fomos ver o Coliseu tremer. Foram momentos deliciosamente excitantes aqueles que os KODO nos proporcionaram [ultrapassando em muito as expectativas].
O espectáculo iniciou-se com uma entrada triunfal onde o que mais me marcou foi o sorriso sincero estampado na cara daquele grupo de japoneses [e também a grande capacidade de concentração que demonstravam]. Para além dos taiko (tambores japoneses) participaram também nas diversas actuações vários outros instrumentos característicamente nipónicos, nomeadamente o shakuhachi (flauta de bambu) - houve também uma dança típica de teatro Noh.

Vários foram os momentos em que se venerava o silêncio, onde se conseguia ouvir a respiração dos artistas, e logo de seguida o som do tambor ecoava pelo Coliseu, em cadências ritmícas que nos transportavam pelo Universo do imaginário oriental. Mas o momento mais alto do espectáculo foi sem dúvida a entrada do O-daiko em palco (um tambor com cerca de 3 metros de largura e 400 kg!!): o senhor Yoshikazu Fujimoto [ver foto abaixo], de 53 anos, esteve em palco cerca de 15 minutos a dominar, literalmente, aquele tambor gigantesco - fascinante o facto de se ver praticamente todos os músculos do senhor em actividade e, mesmo sendo visível o enorme esforço físico (e desgaste) que aparentava, continuou a tocar por mais 20 minutos. Admirável.

Os KODO são sem dúvida uma brilhante representação da cultura nipónica e da grande riqueza artística e espiritual que a envolve. É purificante. É de uma beleza contagiante. É subtil.

Doumo Arigatou Gozaimashita



Curiosidade: estes senhores e senhoras fazem da música a sua vida. Treinam diariamente numa ilha, não só a nível musical mas fisica e espiritualmente. Existe um documentário editado em DVD que já passou no Discovery Channel sobre a forma de viver desde peculiar grupo musical. [actualizado]

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

MTV Undressed



Nos últimos dias tenho acompanhado o evoluir da mini-mini-série "Undressed" que passa na MTV Portugal às 17.00 h e mais tarde às duas da matina. A minha curiosidade tem uma razão muito simples: embora não tenha argumentos super desenvolvidos e recorra constantemente à receita "teens na descoberta do universo sexual" têm aparecido várias personagens gays e lésbicas. Nos episódios anteriores dois jovens gays (namorados) tiveram que "ocultar" a sua relação quando o irmão da marinha (conhecido por ser homofóbico) de um deles vem passar umas ferias ao seu apartamento. E trás um amigo. Depois de várias reviravoltas [e um pouco previsivelmente a meu ver ;)] veio-se a saber que o amigo era namorado do maninho da marinha.
Achei engraçado. Principalmente sabendo que a MTV é maioritariamente acompanhada pela camada mais jovem, o que permite um tomar contacto com realidades que geralmente são escondidas [ou evitadas]: é preciso desfazer o mito latino que o beijo entre homens [e também entre mulheres] é algo de asqueroso [não só não o é como é mesmo excelente!!! ;)].

Se tiverem um tempinho deem uma vista de olhos pelo "MTV Undressed".

P.S: A série já é algo antiga. A que está a passar actualmente em Portugal é a primeira temporada que se iniciou em 1999. Sei que nessa altura causou grande reboliço pelos lados dos EUA [pudera... quando a mama da Janet Jackson põe toda a gente de cabelos em pé!]. Foi também nomeada para vários prémios pela imprensa televisiva e por várias associações LGBT.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Ao Encontro de Espinosa



Admiro o trabalho de António Damásio e tenho acompanhado os seus estudos. Já li "O Erro de Descartes" e o "Sentimento de Si" e aprecio, não só a forma clara como as matérias são expressas, mas também a forma de expressão deste neurologista português. Estou neste momento a ler "Ao Encontro de Espinosa - As Emoções Sociais e a Neurologia do Sentir" e tenho já algumas noções que, quando terminar a leitura, aproveitarei para postar aqui um pequeno review. Este trabalho pega nos ideais espinosianos e tenta transpor para aquilo que é actualmente o conhecimento da mente e dos comportamentos humanos - são inúmeras as referências à obra do referido filósofo. O universo da mente é um fascinante tema de estudo. Não obstante o facto de este livro não trazer muito de novo acerca da teoria proposta por Damásio e o seu grupo de trabalho, demonstra uma série de hipóteses já enunciadas e várias experiências que vêm de certa forma solidificar as suas investigações. É uma obra que vale a pena ler [e pensar sobre ela] porque talvez consiga ajudar a compreender-nos e aos outros. Deixo aqui uma passagem que me suscitou interesse:

"Compreender a biologia das emoções e o facto de que o valor das diferentes emoções depende das circunstâncias actuais, oferece oportunidades novas para a compreensão moderna do comportamento humano. Podemos compreender, por exemplo, que certas emoções são más conselheiras e procurar modos de suprimir ou reduzir as consequências desses maus conselhos.. Estou a pensar nas reacções que levam a preconceitos raciais e culturais e que se baseiam em emoções sociais sujo valor evolucionário residia no detectar de diferenças em outros indivíduos - porque essas diferenças eram indicadoras de perigos possíveis - e no promover de agresão ou retraimento. Este tipo de reacções deverá ter produzido resultados extremamente úteis numa sociedade tribal, mas não é nem útil nem aceitável no mundo actual. É evidente que é importante saber que os nossos cérebros continuam equipados com a maquinaria biológica que nos leva a reagir de um modo ancestral, ineficaz e inaceitável, em certas circunstâncias. Precisamos de estar alerta para esse facto e aprender a controlar essas reacções individualmente na sociedade em que vivemos."

O review virá para breve mas desde já recomendo a leitura [e a persistência para algumas partes que pareçam mais "pesadas"]

Nightwish 2004


Esta é a primeira foto promocional para 2004 dos Nightwish. Estou expectante.

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Fé..

Tenho que pedir desculpa a algumas pessoas mais crentes, mas estou a acabar de ler o livro do Dawkins e encontrei uma passagem deliciosa:

"[...] afinal, o que é a fé? É um estado mental que leva as pessoas a acreditar em algo, não importa o quê, na ausência total de evidências que o possam confimar. Se essas provas existissem, essa fé seria supérflua, pois as evidências levariam-nos, de qualquer forma, a acreditar. [...] Eu não quero argumentar que as coisas em que uma determinada pessoa tem fé são necessariamente patetas. Podem ser ou não. O problema é que não podemos decidir se são ou não, e também não podemos preferir um artigo de fé, em detrimento de outro, porque toda a evidência é explicitamente evitada. É verdade que o facto da verdadeira fé não necessitar de qualquer evidencia é apregoado como sendo a sua maior virtude.
A fé não move montanhas (embora o contrário seja dito solenemente a gerações de crianças, que acreditam nisso). Mas é capaz de levar as pessoas a uma tal loucura perigosa que, para mim, a fé parece mais uma espécie de doença mental. Leva as pessoas a acreditar tão fortemente numa coisa que, em casos extremos, elas se dispõem a morrer e a matar por ela, sem necessidade de quaisquer justificações adicionais.
[...] A fé é suficientemente poderosa para imunizar as pessoas contra todos os apelos à piedade, ao perdão, a toda a decência humana. Chega até a imunizá-las contra o medo, se acreditarem honestamente que a morte de um mártir os levará directamente ao Céu. Que grande arma! A fé religiosa merece um capítulo, por direito próprio, nos compêndios das tecnologias de guerra, ou um lugar equivalente ao do arco, do cavalo de guerra, do tanque e da bomba de hidrogénio"

E completa, noutra parte:
"A fé cega pode justificar tudo. [...] Isto é tanto verdade para a fé cega patriótica e política como para a religiosa."

Escrito em 1989, mas ainda tão actual.

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Abraçando a Diferença, Transformando o Mundo

"Conselho para um Parlamento de Religiões do Mundo"
+info: ver Site Oficial



Vai realizar-se entre 7 e 13 de Julho em Barcelona o "Conselho para o Parlamento de Religiões do Mundo". Já que o Ghast abordou a religião no seu último post [e sendo eu uma pessoa sem doutrina religiosa e dada a minha posição pessoal face a várias instituições da igreja] aqui vai um evento que merece todo o meu respeito e admiração [e que é capaz de representar em termos civilizacionais toda a evolução que as referidas instituições teimam em evitar]. Fica aqui um pequeno resumo dos ideais:

"A missão do Conselho para um Parlamento de Religiões do Mundo é cultivar a harmonia entre as diversas religiões e comunidades espirituais do mundo e fomentar o seu envolvimento com as restantes instituições de forma a alcançar um mundo pacífico, justo e sustentável onde:

(1) A Terra e toda a sua vida seja acariciada, protegida, tratada e restaurada;
(2) Os medos e perseguições culturais e religiosas sejam substituidos pela compreensão e o respeito;
(3) Todas as pessoas possam conhecer e preocupar-se com o próximo;
(4) A riqueza da diversidade humana e religiosa seja orientada para a construção de uma vida social, civil e global;
(5) As instituições mais poderosas e influentes se movam para além do próprio interesse de forma a dirigirem-se para o bem comum;
(6) As comunidades religiosas e espirituais vivam em harmonia e contribuam para o mundo com as suas sabedorias e compaixão;
(7) Que todas as pessoas possan viver os seus mais altos valores e aspirações.
"

[adaptado do site oficial do evento]



Vale a pena ver.

Para reflectir...

Um mail que me enviou o Ghast e que acho que vale a pena ser lido:

« Um homem estava colocando flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês deixando um prato de arroz na lápide ao lado. Ele se vira para o chinês e pergunta:
- Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
-Sim, quando o seu vier cheirar as flores :)

"RESPEITAR A OPÇÃO DO PRÓXIMO, EM QUALQUER ASPECTO, É UMA DAS MAIORES VIRTUDES QUE UM SER HUMANO PODE TER" »

E com isto quero dizer também que devemos, antes de fazer qualquer tipo de juízo, procurar perceber as raízes e o que se ergue por detrás das ideias pré-concebidas que originam muitos dos preconceitos dos dias que correm.

domingo, fevereiro 08, 2004

Religião do Povo

Tenho ido à Igreja. Não me considero cristão, e tão-pouco ateu. Não acredito naquele "Deus", mas não sei se acredito nalguma coisa em particular. No entanto, todos os Domingos lá estou, assisto o coro com o orgão e tenho prazer nisso.
Há mais de um ano que faço isto, e durante este tempo tenho reparado nalguns pormenores que, uns mais, outros menos, tinham-me passado despercebidos.

Os textos: Há muitos escritos que são musicados para o coro cantar durante a missa. Cada momento tem o seu tipo de texto (Entrada, Senhor tende Piedade, Salmo, etc), e durante o ano também mudam, e há algumas características que vão recorrendo:


- Duplo Significado: Acho que é o termo que melhor descreve. Depois de ter lido vários textos em casa enquanto ensaiava, quando o Padre comentava sobre eles durante a missa revelava um significado bastante "mais além". Achei algumas metáforas de uma beleza incrível.



-Contexto Histórico: É muito comum. Referências a Sião e outros lugares antigos, a povos como os filisteus e situações daqueles tempos. É preciso conhecer o que se passava para realmente perceber o que se quer dizer com o que está lá escrito. Mais uma razão para não tomar a Bíblia literalmente.



-Justiça Social: Este foi um dos aspectos que mais me surpreendeu, encontrei muitos textos com passagens flagrantes deste género:

"Os poderosos empobrecem e passam fome
Aos que procuram o Senhor não faltará riqueza alguma"

O padre poderá dizer que refere-se à fome de espírito, e que o Senhor realmente enriquecerá a alma, mas esta é uma religião do povo, e não é isso que ao povo interessa ler... e quem escreveu os textos, tinha consciência disso.
Nota-se que muitos dos textos são dirigidos a pessoas descontentes, de um nível social 'inferior' e não deixa de parecer que quem escreveu está a aproveitar-se abertamente dessa grande massa social (ainda maior à dois mil anos atrás).



-Preto/Branco: Não há espaço para uma alternativa. Ou acreditamos, ou deviamos acreditar. Acho que este é o aspecto mais limitativo da religião cristã (logo a seguir vêm a dificuldade de se adaptar aos novos tempos), considerar que o Nosso Senhor e Jesus Cristo são o único caminho para a "iluminação". É um caminho. Se falarmos com um padre, ele concordará que é mais um caminho, mas não é esta a mensagem que passa. Esta posição favorece brutalmente a evangelização, porque aos estarmos nós certos e os outros errados, o mais natural é querermos "abrir os olhos" às pessoas que ignorantemente ainda não acreditam. Infelizmente, todos os dias vemos como esta mentalidade "eu certo, tu errado" está enraizada em qualquer tipo população (vejam Israel, ou os EUA...).

Acho que esta posição vem do nosso âmago, talvez dos nossos genes egoístas, mas como a religião também serve para passar um modelo moral, de como deveriamos comportarmo-nos, devia estar acima deste comportamento básico. A religião serve-nos, não somos nós que nos servimos dela.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

E para finalizar mais Bitesnich

As duas fotografias seguintes são da autoria do fotógrafo Andreas Bitesnich e foram utilizadas numa campanha para a prevenção da SIDA. Acho que vale sempre a pena recordar.



Alguns Links:
(1) Associação Abraço
(2) AIDS.org

Ensaios Fotográficos por Andreas Bitesnich

Estava eu numa papelaria no Saldanha Residence quando dei de caras com um livro que me despertou, quase que automaticamente, a atenção. Chamava-se "Nudes". Assim que cheguei a casa tratei de pesquisar e deixo aqui alguns instantes fotográficos de extrema beleza.


[Esta deixou-me de facto impressionado... tenho de me redimir dos meus pecados de perversão ;)]



Podem encontrar mais informações sobre o autor no seu site oficial: www.bitesnich.com.

Um momento Musical :)

E tenham muitos "Sunshiney Days"

P.S.: Rendemo-nos aos cursores da CometZone... Obrigado ao post do Boss pela elucidação sobre mais esta pérola blogueira :)

Gaivota

Manhã de Estio
Solta no ar esse pássaro febril
Solta as amarras ao poeta louco
Que neste tempo
[neste sabor a mar]
Todo o amor é pouco

Crava nesse monstro marinho
Nesse Adamastor rebelde
Uma lança de sabedoria
Vai construindo no teu caminho
A esperança de um novo orgulho
[Enche o peito de ousadia e GRITA!]

Alimenta de fervor
Esses corpos sedentos de poesia
[sentimento insano!]
Vai sepultando esse teu pudor
Ao sabor da maresia
[Homem! age como a gaivota
Livre de todos os medos
Feliz numa itinerante aparição
Voa no vento, na emoção, no tempo, no tempo
Em constante revolução]

por Nuno Tenazinha in "Nascido do Mar"

domingo, fevereiro 01, 2004

Polegarzão

Passando os olhos por uma MegaScore (que o meu vizinho lembra-se sempre de me emprestar - Obrigado Tiago!), encontrei um artigo interessante. Adoro ler as coisas da Erica Cunha e Alves, e é sempre bom ouvir uma rapariga no mundo ainda tão machista como o dos jogos de vídeo.

E diz-nos, meio a sério, meio na brincadeira, que estamos a sofrer um desenvolvimento enusitado do polegar. Ele é comandos das consolas, ou mensagens no telemovel, ou a barra de espaços, o que é certo é que cada vez damos mais uso a este supostamente desajeitado dedão.

E tal como a lenta e sábia evolução tem-nos deixado 'pelados' ao longo de milhares de anos, a frenética corrente tecnológica mudou o nosso dedo em poucas décadas.
É mais um testemunho da nossa evolução para "Homo Tecnologicus", que se tem cruzado frequentemente com outra tendência, o "Homo Obesus", mas como disse, meio a sério, meio a brincar, é uma chamada de atenção para a nossa dependência para as tecnologias (que também possibilitaram ler blogs durante hooooras.. =) ). Até que ponto é saudável e desejável. Ou inevitável.

O artigo está na Pág.17, MegaScore nº97

Nudez

[AUTOR: Raymond Voinquel (1948) FONTE: QueerArts.org]


"Nudez"

A tua nudez
Numa metamorfose das ondas
Recria em mim uma aguarela sugestiva
De um qualquer pintor passado

Nesse espírito criativo
Vejo uma terna face de tez morena
Surrealistamente nascendo
Do abismo do oceano

[Essa face, vertigem do teu odor]

Neste mesmo mar, imortalizo o meu amor

Nuno Tenazinha