quarta-feira, julho 27, 2005

Every dream is only a journey away...


Aqui está o meu bilhete para o Festival Vilar de Mouros. Amanhã de manhã lá estarei a caminho dos confins de Portugal para realizar algo que espero há imenso tempo - finalmente vou ter a oportunidade de ver Mrs. Tarja Turunen no palco. O concerto, se não existirem contratempos com a chuva, vai ser bombástico, como qualquer espectáculo dos Nightwish. E a noite vai começar a aquecer desde as 19h: Oratory, Johnny Panic, Anathema, Within Temptation e então, para finalizar, Nightwish. Para culminar em grande, e já que os WT antecedem no palco, seria bonito de ver um dueto entre Mrs. Tarja e Sharon del Adel - duas potentes vozes do mundo do metal sinfónico.


terça-feira, julho 26, 2005

A Arte, a Ciência e Damásio

A arte é "um meio de transformar os universos que nos rodeiam, mas também do nosso universo interior"


António Damásio esteve o mês passado no Centro Cultural Olga Cadaval para uma palestra sobre o "Cérebro, Corpo e Emoção" - área onde este neurocientista tem dado um importante contributo. Eu já aqui tinha falado sobre a obras literárias de Damásio e sobre a sua teoria de construção da consciência, emoções e sentimentos. Nesta conferência, A.D. avançou a caminho da Arte e do papel que esta pode ter no ser humano: como elemento unificador da harmonia e possível criadora de bem-estar. Não consigo deixar de me sentir optimista quando vejo alguém a desbravar caminho por vias tão sinuosas como são as do cérebro - e a tentar, por meio da ciência, construir novas formas de abordar o ser humano. Ouvia-se na conferência:

Se, assim, as artes, como a dança ou a música, são universais, são-no porque também as emoções são universais, embora as causas sejam diferentes. "Uma grande parte dessas causas resulta da estrutura universal, outra (mais pequena) vem da nossa estrutura interior", diz.


Ao ler estas palavras lembro-me de muitas já proferidas por Georges Stobbaerts acerca das Artes do Movimento e de como o gesto deve ser sentido, para ser intrinsecamente belo. E basta pensarmos em como a música influencia o nosso estado de espírito: ainda recentemente, ao ouvir algumas músicas, despertaram em mim uma série de sentimentos que já não experienciava há algum tempo. Fiquei momentaneamente nostálgico e recordei uma série de momentos passados - a cascata de sentimentos e/ou emoções que desencadearam os padrões neuronais que me levaram àquele estado são um dos grandes desafios que gostava de ver esclarecidos em vida.

Este carácter universal que constantemente interpenetra ciência e arte é algo que me faz sentir satisfeito por ser humano e por, no dia a dia, poder vivenciar, analisar e interpretar aquilo que faço para uma maior consciência de mim mesmo.


[Ler a entrevista a António Damásio]

domingo, julho 24, 2005

Qual o som de uma mão a bater palmas?


"Para os ocidentais, provavelmente nenhum aspecto do Zen é tão enigmático e intrigante como o koan - ou tão mal entendido. Um koan não é um enigma, nem um paradoxo para confundir a mente. Pelo contrário, trata-se de parte integrante de um sistema desenvolvido ao longo dos séculos para auxiliar o estudante a alcançar uma compreensão directa da derradeira realidade. Oriundo do japonês ("público") e an ("proposição"), o koan pode ser uma pergunta, um excerto das sutras, um episódio da vida de um antigo mestre, uma troca de palavras num mondo, ou qualquer outro fragmento de ensino. Existem cerca de 1700 koans tradicionais."

in "Pequeno Guia do Zen", edições 70

O meu interesse pela fusão do conhecimento ocidental e oriental conduziu-me a aprofundar um pouco mais o Budismo Zen, a sua mensagem e a forma em como ele orienta (directa ou indirectamente) o dia-a-dia dos orientais. O ponto que mais me apela é a aparente dicotomia unidade/pluralidade que derruba muitos dos ideais ocidentais: como o corpo e a mente, que são duas entidades unificadas há muito tempo na China antiga e que só desde o século passado se começou a fazer sentir por cá (e principalmente na ciência porque em grande parte das religiões ocidentais essa divergência teima em ser mantida) - por isso acho tão importante construir uma perspectiva integrada do mundo.

"Olha para a tua própria visão - pensa na mente que pensa. Quem é?"

Wu-Men

Estágio Internacional de Budo - Dojo TenChi


Vai-se realizar entre 27 e 31 de Julho, no Dojo TenChi, na Várzea de Sintra, mais um estágio internacional das artes do Budo (com Aikido, Kendo, Yoga, TenChi Tessen, entre outros) com orientação técnica de Hanshi Georges Stobbaerts, 8ºDan DNBK. Vai existir também uma classe especial de Aikido para crianças com orientação de Magali Stobbaerts [é o máximo assistir a estas aulas com os mais novos!]. E aqui fica a sugestão - qualquer estágio com o mestre é sempre uma experiência bastante enriquecedora.

"Na Via, deve dar-se tempo ao tempo! Da mesma maneira que não se pode arrancar as raízes de uma árvore para que ela cresça mais depressa. Este voltar-se para si mesmo necessita de tempo, de paciência e de perseverança. É um longo trabalho, um campo a cultivar sem descanso, e sem forçar. É tudo uma questão de dosagem. Não é pela força que se transpõe a entrada que conduz ao coração de si mesmo! Pouco a pouco, a tomada de consciência desta dimensão interior instala-se mais frequentemente e durante mais tempo. As quedas são sempre possíveis, se a vigilância não for mantida. E, para cúmulo da ironia, não só não estamos seguros do resultado de tudo isto, como também devemos saber que os frutos produzidos por este ensinamento quotidiano, deverão ser abandonados. (...) Uma vida quase que não chega para realizar o difícil trabalho que acompanha a prática. Mas, que maravilha de perspectiva! "

palavras de Hanshi Georges Stobbaerts, no último seminário em TenChi


[+info: Estágio Internacional de Budo]

sexta-feira, julho 15, 2005

Remodelações em TenChi



O Honbu Dojo Ten-Chi, obra de vida do Hanshi Georges Stobbaerts, sofreu recentemente algumas remodelações, tendo sido criado mais um espaço de prática [que veio ocupar o local onde costumava acampar - e agora?] - novamente como resultado do trabalho do Mestre e de alguns alunos que dedicaram tempo e esforço para que tudo ficasse completo. Sempre que viajamos àquela quinta, na Várzea de Sintra, sentimo-nos transportados para um universo paralelo, um espaço que equilibra os contornos entre o Oriente e o Ocidente. Estas novas alterações recordaram-me da primeira vez que lá entrei - em que me senti completamente ofuscado pela enormidade de sensações e pela calma que me invadia.
Actualmente, o Dojo TenChi é para mim, não só um local de prática e um jardim intercultural mas também uma linha orientadora de uma filosofia de vida - um local em que se celebra a diversidade cultural e a pluralidade de vivências.


segunda-feira, julho 04, 2005

Astrólogos, Cometas e Ciência

Na madrugada de hoje a NASA (National Aeronautics and Space Administration) congratulou-se com o sucesso da missão da sonda Deep Impact, cujo objectivo era bombardear o cometa Tempel-1 de forma a obter resíduos que permitam aprofundar o estudo destas estruturas cósmicas assim como, quiçá, desvendar mais um pouco das origens do sistema solar - e para estudar soluções para o medo, já muito explorado no cinema, de cometas em rota de colisão com o nosso planeta.


FONTE: NASA/JPL-Caltech/UMD


Quem não gostou muito da ideia foi a astróloga russa Marina Bai, que entrou com um processo em tribunal dirigido à NASA: “As acções da NASA infringem o meu sistema de valores de vida e espirituais, em particular os valores de cada elemento da Criação, a recusa de aceitação de interferências bárbaras com a vida natural do Universo, e a violação do equilíbrio natural do Universo”, alegou a astróloga. E não é a única astróloga com este tipo de preocupações - Vladimir Portnov releva a importância que a destruição de um cometa pode ter no dia a dia de uma pessoa, uma vez que estes contribuem para o ambiente psíquico da humanidade, podendo portanto contribuir para um aumento da ansiedade. Quando confrontado com a importância destes estudos para o desenvolvimento de tecnologias que permitam destruir cometas para salvar a humanidade, Portnov responde que é aceitável tentar mas que crê que isso é impossível.

Como complemento desta notícia, que tive conhecimento hoje, sugiro a leitura do livro "Ciência ou Vodu - da Insensatez à Fraude" de Robert L. Park, com edição pela Bizâncio. É preciso ter cuidado com aquilo que se apelida de ciência e aquilo que é a crença. Fazer da crença, ciência, pode ser bastante perigoso e não falta por aí gente com vontade de fazer dinheiro à custa do desconhecimento dos outros.

domingo, julho 03, 2005

"Reinas"


Na Sexta fui com o R. e com um grupo de amigos [de entre os quais o J. e as Cacao] ver esta interessante comédia que gira em torno dos primeiros casais homossexuais a contrairem casamento, na nossa vizinha Espanha. O filme é muito light com uma abordagem simples da questão e levantando, em paralelo, uma série de tópicos relacionadas com o casamento propriamente dito - para além de nos fazer soltar umas belas gargalhadas.

O filme vai-se construindo em saltos temporais que fazem a contagem decrescente até à celebração dos casamentos e entretanto vamos conhecendo os diversos casais e os problemas com que se deparam. Mas o enredo apresenta também uma perspectiva dos pais dos casais e das suas dúvidas/questões: com principal enfoque para as mães - a mãe argentina e a sua cadela são de morrer a rir! assim como a mãe com tendências ninfomaníacas que vai para a cama com o noivo do filho, filho este que também tinha dormido com o psicanalista da mãe!

No final, saímos do cinema bastante bem dispostos e esperando que num futuro próximo possamos viver essa realidade numa sociedade plural e que se orgulhe da diversidade. Entretanto num país ao lado do nosso começou-se já a construir esse caminho.

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