quarta-feira, março 31, 2004

Jornada até á Utopia

Ao reler algumas coisas minhas encontrei um texto que escrevi há dois anos atrás e que me traz boas recordações. Just to share some of my old(?) thoughts...

"Sento-me agora para escrever, há muito tempo que não escrevo nada, há que aproveitar estas inspirações... as férias estão quase no fim...a tarde ergue-se lá fora na vertigem do dia; por entre as nuvens algumas pinceladas de sol. Ao fundo uma melodia já muito familiar...all these little rejections, how they add up quickly... quando a primeira vez?.. the moment i decided not to abandon me...desde quando esta fascinação? Algures numa memória do infinito... Para quando a reinvenção desta utopia que me move? Para quando a reinvenção do Homem? Para quando eu? Para quando nós?... E desde quando esta força??...isn't it ironic, don't you think?? Muito provavelmente...sim, foi. Lembro-me com a nitidez de uma fotografia recente. A música era engraçada, ficou-me no ouvido. Ainda não tinha suficiente à-vontade no inglês e as letras passavam-me de rompante. Mas gostei e encomendei um album por uma revista. A surpresa superou todas as minhas expectativas. Mas tanta ingenuidade...havia outras músicas engraçadas no album mas depressa o arrumei...sim, confesso...mas há que saber ouvir de tudo para conseguir separar o trigo do joio e naquela altura todo eu ansiava a novidade...desde sempre me ficou esta vontade de experimentar coisas novas...e na época eram tantas coisas novas, tanta coisa...é assim quando a colheita é abundante temos mais dificuldade em concentrar os nossos esforços naquilo que realmente vale a pena...mas o tempo. O tempo descobre até as verdades gravadas nas pedras ao longo dos séculos. E um dia fez-se luz e nos meus rebeldes 15 anos dei a segunda oportunidade. Porque em tudo na vida existe segunda oportunidade. E às vezes até na morte...tais não são os desígneos que nos movem. E então encontrei um novo alimento para a minha rebeldia para com a sociedade. É tão bom saber a comunhão de ideais... i never forgot it confusing as it was...no fun with no guilt feelings..we all had our reasons to be there, we all had a thing or two to learn, we all needed something to cling to...e então a minha curiosidade. Aquela vontade animalesca de saber mais, de conhecer tudo até ao tutano dos ossos. Mas ainda só até aos ossos. Na altura havia saído um segundo album de originais. "Suposed Former Infatuation Junkie", que nome tão convidativo. Bem, não perdia nada. Mas foi um choque! Foi como disparar uma bala de canhão contra uma folha de papel e ela voltar para trás. E então de novo a curiosidade. Porque esta mudança repentina? Bem, não me devia admirar afinal de contar, também tinha há pouco tempo acabado de entrar para o Aikido e também me revolucionava constantemente. Acho que foi a partir daí que comecei a crescer virado para o oriente. E sempre a vertigem desta fascinação. Mas dizia eu. A curiosidade. Ouvi falar de uma digressão pelo médio oriente, qualquer coisa como uma experiência oriental. Nada estava para mim ainda bem definido - nevoeiro. Mas agora que olho para trás daqui sentado. Sim foi a India. Afinal parece que existem coincidências - agora te oiço, ..let's twist the wheel over tea, let's discuss things in confidence...let's solve the worlds problems... so pure, such an expression... entraste por mim com toda a violência de existires, perspassaste-me com a tua esperança, uma nova forma de ver a vida...e eu pensava tanto. E sonhava. Quero mudar o mundo! - gritei outrora. Mas. É tanta gente. Senti-me abafado até por debaixo da pele. Vencido. E resolvi mudar de estratégia: quero conhecer tudo até ao fim, sentir tudo ao máximo, absorver este mundo e vomitá-lo de seguida. E então mais coisas novas. Foi então que conheci aquela voz. Nunca tinha ouvido tal coisa. Parecia sacrilégio! Mas o fruto proibido. Tantas vezes apetecido. E mais uma vez aquela visão do mundo natural. O Oriente...i want to hunt with the tameless heart, i want to learn the wisdom of mountains afar... e ainda eu não me tinha recomposto deste murro na cara... it is the journey that matters the distant wanderer, call of the wild, in me forever and ever and ever forever wanderlust... e esta visão é tão fascinante... e em palco. Energia. Ki. Oriente. Coincidências.

O sol desce sobre mim. Vivem nas cortinas as sombras da noite que se aproxima. E então soube. Um prémio. Um espectáculo em Portugal. Mas ainda só até aos ossos. Memórias de momentos vividos aos extremos. Mas a sede de novidades tem as suas consequências. Quando temos muito por onde escolher não podemos escolher tudo ao mesmo tempo. Tudo é assim. E quando escolhemos já está feito. Mas as memórias. Participei. E perguntaram-me por um prémio atribuido. Valeram-me os meus amigos e as novas tecnologias. Prémio da Tolerância Global - mais tarde viria a saber porquê. Mas ganhei. E fui ver. E foi único. E desde então pouco tempo se passou mas - o tempo não é absoluto. Neste pouco tempo revivi tudo o que vivi e ainda mais. Porque há sempre mais alguma coisa. E soube o "Under Rug Swept" - e mais uma vez a mudança. Que genialidade. E foi então que. Utopia. E aí comecei a ter uma segunda visão. Porque até então foi só até aos ossos. E os ossos por vezes escondem universos. Um prémio de tolerância global, por alguma razão havia de ser. E compreendi essa nova linguagem de transmitir a esperança. Porque é preciso que nos juntemos todos numa sala, cintos apertados, e comecemos a dialogar. Porque é preciso mudar o mundo. E cada um de nós pode mudar o mundo. Mas sozinhos dá muito trabalho. Por isso é preciso que nos unamos. Vamos manter a calma, de consciência tranquila, sinceridade sem medos póstumos... we would stay and respond and expand and include and allow and forgive and enjoy and evolve and discern and inquire and accept and admit and divulge and open and reach out and speak up... esta é uma utopia, uma visão derradeira de paz... Porque é preciso abrir os braços, saltar para o infinito, aceitar a diferença, harmonizar, abrir lugar a todas as emoções. Utopia... we'd rise post-obstacle more defined more grateful we would heal be humbled and be unstoppable we'd hold close and let go and know when to do which we'd release and disarm and stand up and feel safe... esta é a sua utopia e a minha. Visão final. Estado supremo de Nirvana... Momento particular entre os Homens... Mas quando a primeira vez?.. desde quando esta fascinação? ...Para quando a reinvenção desta utopia que me move? Para quando a reinvenção do Homem? Para quando eu? Para quando tu? Porque eu e tu somos as duas forças que fazem girar o sonho. Porque eu e tu somos supostos ser um. Para quando nós?



Nuno Tenazinha
1 de Março de 2002"


P.S.: Se não me engano escrevi isto aquando da vinda da Alanis Morissette a Portugal, para promover o "Under Rug Swept".

A Solução do Enigma

Há pouco tempo tinha deixado um pequeno enigma aqui. Desta feita, deixo algumas pistas para quem quiser pensar melhor ou, para os mais curiosos, a solução (vão é ter de fazer um pouco de ginástica ao pescoço :p)


"Estão quatro pessoas acorrentadas a uma escadaria (1,2,3 e 4). Duas têm chapéu vermelho e as outras azul. A pessoa 1 tem uma parede que a impede de ver as restantes. Cada pessoa só consegue ver aquelas que se encontram nos patamares abaixo! (i.e. 2 vê 3 e 4; 3 só vê 4 e a pessoa 4 não pode ver ninguém). Sabendo que a pessoa que gritar primeiro a cor correcta do seu chapéu é automaticamente libertada (e não pode tirar o próprio chapéu para verificar a côr), quem é que será libertado dando provas da sua perspicácia? A utilização do parâmetro "sorte" pode ditar a pena capital..."

1ª Pista: Uma vez que eles sabem que existem dois chapéus vermelhos e dois azuis, o facto de a 1ª pessoa não ver ninguém é crucial para que um deles possa ser solto - à partida a primeira pessoa não será salva! e eles sabem disso!

2ª Pista: Facilita bastante se nos tentarmos pôr no lugar de cada um deles e tentarmos imaginar aquilo que vai na cabeça dos outros. Raciocínios do tipo: "se ele visse isto o que é que poderia acontecer?"

Solução:


sábado, março 27, 2004

"Defendendo o Nome de Jesus"

Uma das grandes vantagens da Internet é poder publicar, divulgar e disponibilizar, para um número elevadíssimo de pessoas, qualquer ideia.. E é habitual nesta aldeia global encontrar virtualmente tudo.

Já encontrei e visitei (normalmente por acaso - abençoado Google) vários sites assumidamente religiosos (todos eles cristãos, ou algo derivado daí), e sinceramente, assusto-me um pouco quando os leio. A liberdade da Internet dá-nos rédea solta para dizer, literalmente, o que quisermos, com a vantagem de numa comunidade tão grande, encontrarmos sempre alguém de acordo connosco.

Assusto-me porque acho provável que quem faça estes sites, muitas vezes acredite seriamente naquilo que diz. A net pode dar-nos uma voz que muitas vezes sentimos falta no mundo real.

Queria destacar o que encontrei mais recentemente. Como é conhecido de muitos, a ILGA brasileira está a promover um abaixo-assinado sobre uma resolução que defende a inclusão da orientação e identidade sexual nos direitos humanos. Pois neste site, logo no cabeçalho, podemos ver um "contra-abaixo-assinado" contra esta proposta. E como se isto não fosse suficiente, basta dar uma vista de olhos pelos artigos para encontrar pérolas esclarecidíssimas como 'O Homossexualismo é Igual aos Outros Pecados?'.


(Posições contrárias geram reacções com intensidades semelhantes. Não costumo estar muito ligado a isto, e só ultimamente é que tenho reparado como existem emoções profundas contra a comunidade gay. Nenhuma das partes é santinha, mas neste caso custa ver tanta cegueira.. No entanto, acho imprescindível ler o que a outra parte diz, se a queremos compreender. Em qualquer caso. Vamos lá ouvir.)

sexta-feira, março 26, 2004

Histórias Matemáticas

Quem encontrou o site foi a minha irmã, enquanto pesquisava para um trabalho de matemática (estes professores são doidos! Um trabalho no 7º ano a matémática, sobre os números negativos, onde já se viu?). Nestas coisas já se sabe, com alguma sorte até o lê antes de entregar ao professor, mas as histórias do site não deixam de ser interessantes.

'Histórias da Matemática'


(É também interessante ver como ao longo da história, muitas ideias ficaram na gaveta simplesmente porque Deus, na sua perfeição, não as podia permitir. A história do mundo ocidental contra o 0 e os números irracionais estendeu-se por muitos séculos, e é pena não se ouvir falar muito dela.)

quinta-feira, março 25, 2004

MUSE em Portugal - 9 de Junho - EU VOU!


Pois é. Os Muse vêm a Portugal nesta 10ª edição do Festival Superbock Super Rock que se vai realizar no Parque Tejo (Parque das Nações). Vai ser no dia 9 de Junho no Palco Super Bock, no mesmo dia em que actuam os Linkin Park e os Korn (entre outros). É a primeira vez que Matt Bellamy e os restantes vêm ao nosso país desde o lançamento do seu mais recente álbum "ABSOLUTION" - que eu e o TheVermelho recomendamos vivamente. Fica então a novidade. NÓS VAMOS!


And I know the moment's near and there's nothing we can do
Look through a faithless eye. Are you afraid to die?


Não há Coincidências (?)

Esta tarde, enquanto estava no bar da Torre Sul do IST com o TheVermelho, para lanchar, aconteceu uma situação muito engraçada.
Quando me pus na fila para os pré-pagamentos, pedi-lhe para ir para uma mesa guardar lugar e levar as minhas coisas. Entretanto, enquanto estava a ser atendido, reparei que um rapaz estava a falar com o TheVermelho – ainda estiveram de conversa por algum tempo mas quando eu me fui sentar com o lanche ele já se tinha ido embora. Como de longe não tinha reconhecido o personagem, perguntei de quem se tratava:

“Quem era o tipo? Não o conheço daqui…”
“Hum… pertencia a um grupo de cinema. Veio aqui avisar-me que vai decorrer um festival de cinema estrangeiro brevemente na Videoteca Municipal. Perguntou se estava interessado.”
“A sério? Mas a que propósito?”
“Não sei.. já o tinha visto a conversar ali com outras pessoas.”
“Tipo… não sabem o que são flyers? Andam a fazer divulgação pessoa a pessoa?”
“Não, acho que eles já distribuíram por aí. Perguntei-lhe se eram um grupo de cinema do Técnico mas ele disse-me que não, que era um grupo externo.”
“Ok, nunca tinha visto este tipo de propaganda personalizada… ele estava era a fazer-se a ti!” – disse brincando – “Mas eu não ouvi falar de nenhum festival de cinema brevemente… agora assim só me lembro do festival de cinema lgbt que a ex-aequo está a promover.”
“Era isso mesmo! Ex-aequo! Ele disse que eram um grupo independente da ex-aequo que estava a organizar um festival de cinema com vários filmes estrangeiros.”
“… Hum a sério, tens a certeza? Mas o ciclo da ex-aequo é sobre temáticas lgbt. Acho que é nos dias 26, 27 e 28 deste mês, na Videoteca Municipal. Já tinha pensado em irmos lá ver um filmezito.”
“ Era isso mesmo! (lol) Que engraçado, nunca me tinha acontecido uma coisa destas. Na altura não associei logo. Mas por que raio é que ele me escolheu a mim para falar? (lol) Acho que no fim de cada sessão fazem uma discussão dos tópicos focados no filme..”
“Uma discussão de 30 minutos.”
“Yah!! Depois ainda me disse para avisar o amigo que estava comigo :)”

Ainda ficámos a ver se o rapaz continuava no bar. Mas já não o vimos. Quando saímos passámos por uma placa no piso de baixo onde ele disse que tinham afixado um cartaz. Era de facto o cartaz para o “Ciclo de Cinema LGBT – Eu Tu Nós” da Rede Ex-Aequo.

quarta-feira, março 24, 2004

Porque todo o Mundo é composto de mudança...


terça-feira, março 23, 2004

Putos Crescidos

Algumas frases que vi num post do CentralComics.com, autoria do Alvarossantos:


"Se gostavas de ter um cão, começa por pedir um cavalo." Luis - 13 anos

"Nunca te metas com uma miúda que já te bateu uma vez." Pedro - 9 anos

"Se a tua mãe esteve a discutir com o teu pai, não a deixes pentear-te." Sara - 12 anos

"Quantos mais erros faço mais esperta fico." Inês - 8 anos -> Gostei especialmente deste ^^

"Há muitas coisas que a gente sabe e que as notas não dizem." Rita - 10 anos

"Quando as coisas estão escritas em letras pequenas é porque são importantes." Diogo - 10 anos

" [A idade certa para casar é] Aos oitenta e quatro anos, porque nesta idade já não precisamos de trabalhar e podemos passar o dia inteiro a namorar com a outra pessoa." Julia - 8 anos

"As raparigas devem ficar solteiras. Os rapazes devem casar-se para terem alguém que lhes limpe a roupa e lhes faça a comida." Catarina - 9 anos -> Esta tem um requinte muito subtil, né Ang3luz? ;)

"Não tem a ver com sermos bonitos ou não. Eu sou bonito e ainda não encontrei ninguém para casar comigo." Ricardo - 7 anos

"O amor encontramos mesmo quando nós tentamos esconder-nos dele. Eu fujo dele desde os 5 anos mas as raparigas conseguem sempre encontrar-me." Nuno - 8 anos

"Sou a favor do amor, desde que ele não aconteça quando estão a dar desenhos animados." Ana - 6 anos

domingo, março 21, 2004

21 de Março - Dia Mundial da Poesia


... A essência de todas as coisas
Está na vertigem que nos transporta
[orgasmicamente]
como vestígios do cosmos ancestral
Até ao limite do Horizonte

... Lá onde o Poeta imortalizou o primeiro verso
[onde o tempo reunificará a Arte]


Nuno Tenazinha

Instantes artísticos

Do oceano, no início das eras
Ergueram-se os deuses
Criaram-se as esferas
De um mundo futuro

Da água primordial
Ventre da Criação
Nasceram mil e uma quimeras
Eterna herança da Terra

E nesta noite, nesta praia
Esta onda que me banha
Mística realidade aqui recriada
Foi donde eu nasci

por Nuno Tenazinha


["Danças na Água" Fonte: 1000Imagens Autor: Nuno Manuel Seleiro]

sábado, março 20, 2004

Into the West

Lay down your sweet and weary head
The night is falling
You've come to journey's end
Sleep now and dream of the ones who came before
They are calling from across the distant shore

Why do you weep?
What are these tears upon your face?
Soon you will see all of your fears will pass away
Safe in my arms you're only sleeping

What can you see on the horizon?
Why do the white gulls call?
Across the sea a pale moon rises
The ships have come to carry you home

And all will turn to silver glass
A light on the water
All Souls pass

Hope fades into the world of night
Through shadows falling out of memory and time
Don't say we have come now to the end
White shores are calling
You and I will meet again
And you'll be here in my arms just sleeping

And all will turn to silver glass
A light on the water
Grey ships pass into the West.


por Annie Lennox, como parte integrante da banda sonora do filme "Senhor dos Anéis - O Regresso do Rei", música e arranjos por Howard Shore

sexta-feira, março 19, 2004

O Alfabeto do Corpo

quinta-feira, março 18, 2004

"This is indeed Life itself!"

Há pouco tempo estava a rever algumas das obras de Escher quando dei de caras com uma que reavivou em mim memórias muito especiais.



A minha primeira vez num palco "grande", no auditório Maria Campina da Fundação Pedro Ruivo em Faro, foi para a estreia da peça "Pérolas Num Retrato do Tempo" pelo [extinto?] grupo de teatro "Os Tretas". A imagem acima foi a escolhida para o cartaz da peça que retratava várias formas de expressão da arte muitas vezes assombrada pela morte. Durante alguns meses seleccionámos textos e trabalhá-mo-los e o argumento resultou da adaptação de três thrillers que de certo modo associavam a arte e a temática da morte:

- "Pérolas de Li Pong" [não me lembro do autor]
- "A Patine do Tempo" [não me lembro do autor]
- "O Retrato Oval" [por Edgar Alan Pöe, versão original "The Oval Portrait" - PDF]

O primeiro texto narra a história de um pintor que se perde no alcóol e que se predispõe a tudo para sair desse vício, inclusivé a matar - um famoso coleccionador de arte promete comprar-lhe a sua obra se ele matar um ex-amigo estrangeiro que vive em Hong Kong e que possui as pérolas de Li Pong. A história toma uma reviravolta incrível e no fim o pintor sofre um género de "despertar" e recomeça toda a sua obra com um espírito rejuvenescido. Quanto ao segundo texto, "A patine do tempo" fala das peripécias de uma pintora que pinta sem saber o quadro de um homem morto. O último texto [o que mais gosto] fala de um pintor louco que ao tentar imortalizar a sua amada num retrato a vai matando aos poucos. Ele termina a obra-prima dizendo "Isto é sem dúvida a própria vida!" e, ao mesmo tempo, a mulher cai morta a seu lado.

Para primeira experiência em cima de um palco, para quase 500 pessoas, correu bastante bem. A peça estava preenchida de surrealismo negro, de música excelente, de vários motivos orientais, de alguns tangos do Astor Piazzola e acima de tudo de um grande espírito de entreajuda do grupo [e dos hilariantes momentos que passámos nas restantes apresentações]. Lembro-me como o ensaio geral, três horas antes da peça, teve uma série de sobressaltos e o técnico de luzes chegou bastante atrasado!
Recordo-me como se fosse hoje da pequena passagem que fiz pelo mundo do teatro e das excelentes aulas de expressão corporal que o Pedro (professor e encenador) partilhava connosco.

P.S.: Vou aproveitar para abrir uma nova secção nos blinks dedicada às várias formas de arte - poesia, pintura, fotografia, teatro, cinema, e tudo o que me ocorrer.

quarta-feira, março 17, 2004

Um SORRISO vale por qualquer palavra! ;)

terça-feira, março 16, 2004

Quando a primeira folha caiu...

Quando a primeira folha caiu
Naquela tarde dourada
Algo no teu mundo me sorriu
E me prendeu num abraço intemporal
Naquele lugar secular
Onde outrora os dois amantes
Construíram tórridos cenários de amor...

Sonhando as estrelas
Os nossos olhos como testemunhas
Que o Amor não pertence ao Poeta
Mas à sua paixão

Quando a folha caiu
No teu coração de cristal
Um novo amanhecer cresceu
Sobre a nossa solidão

Como eu gostava que este momento
Perdurasse por milénios
Para que alguém, num futuro distante,
Neste mesmo cenário,
Testemunhasse novamente
A tua beleza intrínseca

Eu e tu
Como estátuas de areia
Abençoadas pelo vento...


por Nuno Tenazinha

sábado, março 13, 2004

Where Is the Love?



"People killing people dying, children hurt and you hear them crying. Can you pratice what you preach? And would you turn the other cheek?" por BlackEyedPeas

sexta-feira, março 12, 2004

Instantes de Silêncio


Por detrás da negrura das palavras e dos actos crescem os instantes primordiais do silêncio onde imortal dorme a Humanidade
latente

quinta-feira, março 11, 2004

Silêncio Profundo

Visto esta terra de seda negra
Mar e céu tingidos em branco
A cor da vida estende-se num manto
Sobre escombros da Mãe abatida
Ergo a voz para que me oiçam
Animais da Terra perdida
E peço... Silêncio ... Peço Silêncio por todos os seres
Inocentes de uma terra prometida
Vítimas de deuses inconscientes
Á conquista da Eternidade

Peço Silêncio por todos aqueles
Cujo sangue fecunda na terra
A verdade eterna de uma Nova Era

Peço Silêncio por todas as vidas
Pedidas por bestas divinas

Peço Silêncio pelos Redentores,
Feridos Portadores da Inocência

Silêncio pelos Pais e Filhos, Irmãos e Irmãs, Amigos de infãncia, Homens da Paz, Artistas, Poetas, Vagabundos, Crianças, Sonhadores, Cientistas, Homens de Fé. Silêncio pelos Touros e Cães
Baleias e Focas, Serpentes, Chacais, Macacos, Golfinhos
E todos os outros Animais.

Reúnam-se de novo os Laços.
Acenda-se a última vela.
Faça-se Silêncio Profundo.
Silêncio pelos Animais.
Silêncio por mim.
Silêncio por ti.
Pelo Homem...

"Em memória dos Redentores da Terra"


por Nuno M. Tenazinha in "Poesia de Um Amanhã Sempre Presente"

quarta-feira, março 10, 2004

Enigmático

Aqui fica um pequeno enigma:


Estão quatro pessoas acorrentadas a uma escadaria (1,2,3 e 4). Duas têm chapéu vermelho e as outras azul. A pessoa 1 tem uma parede que a impede de ver as restantes. Cada pessoa só consegue ver aquelas que se encontram no patamar abaixo! (i.e. 2 vê 3 e 4; 3 só vê 4 e a pessoa 4 não pode ver ninguém). Sabendo que a pessoa que gritar primeiro a cor correcta do seu chapéu é automaticamente libertada (e não pode tirar o próprio chapéu para verificar a côr), quem é que será libertado dando provas da sua perspicácia? A utilização do parâmetro "sorte" pode ditar a pena capital...


"Riddler Riddler ask me why
The birds fly free on a mackerel sky
Ask me whither goes the wind
Whence the endless tick-tick stream begins

Make me guess if the earth is flat or round
Set a guessing if fantasies are unbound
If tales aren't just for children to see
That it's peace if sleep walks with me

As you wish
For kingdom come
The one to know all the answers
You think you dwell in wisdom sea
Still sweet ignorance is the key
To a poet's paradise
Challenge the Riddler and you will see...

Riddler Riddler ask me why
All mothers beneath the Earth and sky
Hold their children's hands for a while
Their hearts forever - yours and mine

Make me wonder what's the meaning of life
What's the use to be born and then die
Make me guess who's the one
Behind the mask of Father and Son

For nature hates virginity
I wish to be touched
Not by the hands of where's and why's
But by the Oceans' minds..."


"The Riddler" por Tuomas Holopainen

terça-feira, março 09, 2004

Samurai

segunda-feira, março 08, 2004

Identidade Sexual e Genética - Parte II

O conhecido gene gay deve fazer parte de um sistema bem coordenado que permite o desenvolvimento do comportamento sexual, não só humano, mas também do restante reino animal – o que implicaria que a homossexualidade se encontra gravada em nós há mais tempo do que se pensa [e não é só uma moda como alguns defendem].

Aqui são interessantes os recentes resultados que indicam que os homossexuais masculinos reagem de forma diferente relativamente às femininas quando confrontados com ambientes ou cenas de sexo explícito, sendo que os gays apresentam alterações nos padrões neuronais (correspondentes à excitação) quer perante cenas de sexo homossexual quer heterossexual, o mesmo não se verificando com a maioria das lésbicas. A questão aqui será: ao que se deve esta diferença? Ao comportamento sexual? Ou à identidade sexual desenvolvida e nas formas de a exprimir? Provavelmente na segunda dadas as evidências da diferente organização do cérebro no masculino e no feminino.

A meu ver faz todo o sentido, do ponto de vista evolutivo que primeiro tenham aparecido os comportamentos sexuais, incluindo os homossexuais e só depois, quando o cérebro alcançou o grau organizacional que lhe permitiu desenvolver os sentimentos e a consciência, tenha aparecido a identidade homossexual. Talvez seja também devido à criação desta identidade que se verifica um maior número de gays e lésbicas estritos [ou seja que têm quase exclusivamente comportamento sexual com parceiros do mesmo sexo] – isto não implica necessariamente um processo de escolha racional, podem também estar aqui inerentes os dispositivos neuronais que permitem a construção da identidade. De qualquer forma acho que é essa a principal diferença na vivência das sexualidades pelos humanos [estou certo que muitos concordarão comigo – os afectos são um grande legado que a nossa espécie deixa]

No entanto não é o descodificar dos processos de desenvolvimento do comportamento e de construção de identidade que vai alterar a realidade da aceitação da comunidade homossexual perante a sociedade. A ciência actual caminha uns largos anos à frente das mentalidades [o caso mais flagrante talvez seja a Mecânica Quântica que já foi formulada à cerca de um século e ainda hoje não é do conhecimento de grande parte da população]. Creio que todo o trabalho presente e que se fará de futuro é importante para podermos começar a adequar o ensino e a forma como se abordam os temas – é preciso despertar mentes e é pelas raízes que se formam árvores sólidas. Por vezes só depois de algumas gerações é que são evidentes as alterações na mentalidade e penso que ao ritmo a que a vida corre nos dias de hoje cada vez mais isso será notório.

Muitos meios jurídicos procuram com ansiedade bases biológicas para a homossexualidade mas isso pode vir a tornar-se, ou ineficiente ou mesmo perigoso pois pode encontrar-se o reverso da medalha – o usar de argumentos biológicos para considerar assim a homossexualidade, mais uma vez, como um “defeito” genético [e deve haver muita gente à espera da primeira oportunidade…]. A legislação é muito importante para evitar violações à condição humana, mas não é de longe o suficiente para alterar mentalidades.

Os próximos anos serão decisivos com o evoluir e com o intercâmbio dos conhecimentos da neurociência e da genética comportamental para perceber os mecanismos que estão por detrás dos comportamentos humanos. Mas, mais importante é estarmos cientes que o universo animal, mais concretamente o nosso, é imenso e preenchido de uma dinâmica inimaginável e que ao limitarmos os outros estamos necessariamente a impôr barreiras a nós próprios.

[adicionado] Para os mais interessados nestes assuntos deixo aqui o link para o download de um livro que existe online chamado "Genetics and Human Behaviour - The Ethical Context". Neste livro estão expostas as bases da genética comportamental e as suas metodologias de estudo e têm uma descrição daquilo que já se conhece actualmente neste campo. Na parte III Capítulo 10 "Sexual Orientations" estão enumerados os principais estudos das bases genéticas para o comportamento sexual e é feita uma pequena análise do tema. Aqui fica.

sábado, março 06, 2004

Identidade Sexual e Genética - Parte I

Na sequência de um post que está no Conta-Natura (agradeço ao Rui pela dica), aproveito agora para tecer algumas considerações sobre este tema.

Sinceramente não apoio totalmente a teoria que atribui a orientação sexual a um gene e acho que os resultados provenientes da pesquisa que envolve o "gene gay" devem ser analisados com cuidado. Creio que para o desenvolvimento de uma teoria que descreva de um ponto de vista biológico a "orientação" sexual [e saliento as aspas] é necessário começar por discernir duas realidades: o comportamento homossexual e a construção de uma identidade sexual.

No que diz respeito ao comportamento homossexual considero o sentido mais estrito do termo e que envolve assim todas as actividades de índole sexual que envolvam parceiros do mesmo sexo: desde o cortejar ao beijar, passando por práticas que compreendam a estimulação genital e até a penetração. E estas práticas, como já é sobejamente sabido desde meados dos anos 90, não são exclusivas do Homo sapiens sapiens. E abundam no reino animal existindo várias espécies que apresentam comportamentos ditos bissexuais em larga escala: é o caso dos bonobos (Pan paniscus) primatas que durante o seu período de vida chegam a apresentar comportamentos sexuais com parceiros do mesmo sexo na mesma proporção com que se verificam com parceiros de sexo oposto – mas também em outras espécies que não primatas se tem verificando comportamento homossexual: aves, pinguins, golfinhos, são alguns exemplos. Que eu saiba [e por favor alguém me corrija se estiver errado] ainda não se conhece nenhuma espécie animal com comportamento exclusivamente homossexual [mas atenção, isto não quer dizer que não exista, apenas isso mesmo, que ainda não foi presenciado pela comunidade científica]. Uma coisa se pode concluir de todos os estudos feitos até agora: o comportamento sexual [seja ele qual for] está longe de ser meramente reprodutivo.

O outro factor que considero importante é a identidade sexual. Aqui estará englobado o assumir de um comportamento pelo corpo e o despertar de todo um complexo mecanismo que leva desde o conhecer da sexualidade, passando pelo viver dessa sexualidade com o eu e com os outros, pela construção de afectos, até à construção de uma identidade social. Esta construção de identidade ganha uma nova dimensão quando entramos no ser humano, o que se deve principalmente ao facto de no restante reino animal não existirem dispositivos neuronais com a complexidade e percurso evolutivo necessários (mecanismos estes que estão longe de ser conhecidos mas que nos próximos anos poderão sofrer grandes avanços com a evolução da neurociência, neuropsicologia e da genética comportamental)

É preciso estarmos conscientes que a maioria dos resultados da genética comportamental não devem ser extrapolados para fora do grupo de estudo e que estes mesmos resultados estão profundamente dependentes das condições em que são efectuados os estudos. A razão por que me mostro um pouco relutante face ao gene da região Xq28 (onde se localiza no genoma o dito gene gay) é porque me parece muito redutor da realidade do comportamento homossexual [de salientar que esse gene apenas se refere à homossexualidade masculina!] e a complexidade que está subjacente não é certamente regulada por um único gene. É também importante referir que a manifestação da homossexualidade em espécies que se encontram filogeneticamente distantes leva a crer que deve existir também nessas espécies um gene (ou conjunto de genes) semelhante e que por isso já se deve encontrar estabelecido no nosso genoma há bastante tempo. [editado]

(continua…)

O Espírito do Aikido



Ontem ao ler o livro "The Spirit of Aikido" pelo falecido Kisshomaru Ueshiba (ver fotos) recordei os motivos pelos quais, há cinco anos atrás ingressei na prática de Aikido. Lembro-me como se fosse hoje as palavras que me fizeram, sem conhecer esta arte de lado algum, começar a praticar sem ter a mínima ideia do que me esperava [mal sabia eu do quanto me iria embrenhar no espírito do Aikido]. O cartaz que me chamou a atenção tinha uma imagem esbatida de dois praticantes onde se podia ler qualquer coisa do género "É preciso reconstruir o Homem. Unamo-nos num imenso ideal de perfeição". Nesse mesmo dia fui fazer a inscrição e no dia seguinte comecei a praticar. Desde então tenho vindo a desenvolver uma prática mais ou menos regular sem a qual já não consigo passar - primeiro estranha-se, depois entranha-se. O Mundo seria um pouco melhor se todos praticassemos, no tapete e na vida, aquilo que esta arte marcial veincula. Fica aqui um excerto que acho bem elucidativo:

"Simply stated, aikido is a budo open to all people who aspire to unify the ki of the universe with the ki of oneself. For all members of the human race, it is the path to attaining harmony with all beings (...). Non-discrimination and non-exclusiveness are basic characteristics of aikido."

sexta-feira, março 05, 2004

O Regresso dos Nightwish

Não pude deixar de partilhar. Está quase a sair o novo album dos Nightwish, "Once". O sucessor de "Century Child" (2002) está a criar uma grande expectativa - das onze faixas do CD, nove delas irão contar com a participação da orquestra da Academy of St. Martins in the Field (a mesma orquestra que trabalhou com Howard Shore na banda sonora da trilogia do Senhor dos Anéis). A sonoridade da banda vai estar muito soundtrackish e vai ainda contar com a participação de John Two-Hawks, um índio nativo americano que tocará flauta numa das composições onde o mesmo recitará um poema na sua lingua nativa. Também foram feitas várias experimentações com as vozes da Tarja e do Marco. Aqui ficam as mais recentes fotos promocionais da banda:





P.S.: Aproveitando o carácter publicitário deste post, o primeiro single "Nemo" será lançado no dia 19 de Abril enquanto que a data oficial de lançamento do album está prevista para dia 7 de Junho. Expectante.

quinta-feira, março 04, 2004

Uma Visão do Ser

Sempre adorei arte. Desde sempre me senti fascinado pela míriade de formas que esta pode adoptar. Lembro-me vivamente de um dia em que, de conversa com uma professora de Ciências Físico-Quimicas, me mostrei indeciso pela carreira que teria de seguir no futuro. Por um lado as ciências, o desbravar do conhecimento. Por outro lado as artes e as letras, o teatro e a expressão da criatividade. Não obtive resposta na altura mas no dia seguinte, essa professora trouxe-me um pequeno poema do poeta António Gedeão, ou Rómulo de Carvalho na sua vertente de professor de Ciências Fisico-Químicas. Aquele momento foi de autêntico êxtase. Era exactamente o que eu precisava de ouvir e posso dizer que, de certa forma, aquela atitude perante a minha indecisão, modificou a minha forma de ver o mundo.

Agora a decisão já foi tomada e o caminho já o estou a seguir. As ciências. Mas tenho sempre mantido um contacto muito intimo com as artes, desde a passagem pelo teatro, pelas artes orientais, pelo movimento, pela poesia e pela prosa, pela fotografia and so on... E sinto-me sempre preenchido de uma imensa força criadora quando presencio a interpenetração das diferentes dimensões do ser-se humano. Porque mais importante do que ter uma visão do ser, é saber procurar sempre para lá do horizonte, onde a génese ocorre neste momento que passou.

"The nitrogen contained in our genes
The calcium in our teeth
The iron in our blood
And the carbon in our apple pie
Were made in the cosmic kitchen that is the star.
Our bodies are made up of the particles that constitute the stars.
Indeed
In a very profound sense
We are children of the stars.
"
por Carl Sagan in "Cosmos"

quarta-feira, março 03, 2004

ENDYMION

Por ti lutavam deuses desumanos.
E eu vi-te numa praia abandonado
Á luz, e pelos ventos destroçado,
E os teus membros rolaram nos oceanos.


por Sophia de Mello Breyner Andresen in "Mar"