sexta-feira, março 31, 2006

Ciência e Religião: o Coming Out [II]

Lembro-me que quando cheguei ao 10o ano, estava convencido que queria ser um cientista quando fosse grande. Hoje tento caminhar para lá. Aquela vontade de perceber a forma como o Mundo se constrói à nossa volta. Os padrões que se encontram no micro e no macrocosmos. Construir hipóteses e ferramentas para as verificar; validá-las ou, mais frequentemente, rejeitá-las. O método científico tem de ser, por definição, dinâmico, para poder suportar a variedade/diversidade de dados que todos os dias surgem. É por isso que a tecnologia tem evoluído a um ritmo alucinante, o que tem repercussões óbvias nas sociedades e no nível médio de vida [o que não quer dizer que não persistam sérios problemas sociais]. A ciência obviamente não resolve, a curto prazo, todos os problemas da humanidade. Mas pelo menos tenta contribuir para a sua resolução de forma racional.
O problema da religião é que tenta servir as necessidades das pessoas, impôndo-lhes um sistema moral que não se ajusta ao mundo - não segue o ritmo de evolução das sociedades actuais. Está estagnada e dependente das interpretações de um conjunto de livros escritos há milénios. Baseia-se num acreditar não fundamentado. Um exemplo social evidente: a orientação sexual ainda não é compreendida pela ciência, mas constantemente são publicadas novas descobertas que aos poucos vão desvendando o conhecimento da sexualidade humana. Geram-se debates [uns mais úteis que outros] acerca da existência de genes associados à homossexualidade, da influência natureza versus educação, etc.. Mas a homossexualidade na nossa espécie é um facto. Facto este que a ciência tenta explicar mas cuja complexidade ainda não permitiu que se alcançasse um consenso. A ciência não discrimina a homossexualidade, embora durante muito tempo os cientistas o tenham feito – mas isso já mudou há 3 décadas. A compreensão da homossexualidade não faz parte da religião. Ao invés, em alguns cantos do mundo os homossexuais são condenados à morte [a lei de deus assim o dita]; noutros são alvo da compaixão inerente à doutrina, a mesma doutrina que, por definição, os toma como intrínsecamente pecaminosos – esta hipocrisia facilita obviamente a discriminação; nas religiões de origem oriental, isto já não acontece tanto porque muitas não têm posição na matéria.

A religião, assim como a ciência, é puramente uma ferramenta. Uma ferramenta construída pelo ser humano para descrever o Mundo. Uma ferramenta que foi bastante útil em determinados períodos históricos, e que explora a nossa capacidade de acreditar, mas também a nossa tendência para idolatrar. Que tem o poder de unificar as pessoas com base na mesma linha orientadora. Mas actualmente o futebol também surte o mesmo efeito.
Se esta ferramenta secular cumprisse a função a que realmente se destina: um caminho solitário de introspecção e de melhoramento pessoal, com repercussões na vida social – seria relativamente inócua. Mas essa não é a realidade. É uma doutrina instituída que teima em não dar lugar a novas construções do Mundo e que está constantemente a interferir. E cujo conceito potencia tudo aquilo que temos vindo a observar nos últimos anos: um constante escalar do extremismo, e do uso da palavra de figuras divinas para justificar actos violentos. Sejam as escolas derivadas do cristianismo [com particular ênfase na ICAR], do judaísmo, as muçulmanas e outras oriundas do Oriente, em todas elas se encontram casos extremos de interferência na vida pública e naquilo em que, noutras circunstâncias, seriam considerados direitos universais do ser humano.
A nossa história está repleta de mitologias e de histórias de seres fantásticos como fadas, dragões, elfos e duendes. Mas é totalmente insensato discriminar alguém ou, no limite, pôr em causa a sua vida, em nome da fada Oriana ou de Elbereth [e a esta última é atribuída a criação de todas as constelações do mundo fantástico de Tolkien!]. Mas estas fantasias, ou foram desaparecendo com o tempo, ou apareceram num período em que já não eram propícias ao culto acrítico.
Não há problema nenhum se alguém acreditar num ser superior que criou o Universo e que regula a sua existência, desde que a pessoa se sinta realizada com essa visão do mundo. Mas dentro desse credo deve haver espaço para aceitar que ao lado se senta uma pessoa para o qual isso pura e simplesmente não faz sentido - e que portanto as normas dessa entidade reguladora não são aplicáveis. A igreja, enquanto instituição, está obsoleta. O conceito religioso também, do meu ponto de vista.

Como Dawkins [na foto] diz, no fim do seu documentário,

“Todos nós somos ateístas relativamente à maior parte dos deuses em que a Humanidade já acreditou. Alguns de nós apenas derrubam o último deus no caminho”


Big Google


By RANDY SIEGEL

quinta-feira, março 30, 2006

Ciência e Religião: o Coming-Out [I]

Ainda um pouco no seguimento do post anterior, vou direccionar-me para algo que me tem incomodado nos últimos dias, nomeadamente o binómio ciência-religião. Ontem assisti com o J. a um documentário recente do Richard Dawkins [na foto], transmitido no Channel4 (Janeiro 2006): The Root of All Evil?. O documentário divide-se em duas partes – na primeira, The God Delusion, Dawkins explica o porquê da religião ser uma antítese da ciência, alerta para o resvalar fundamentalista que várias religiões estão a tomar e das consequências que já se começaram a sentir [é fantástico ver o vazio de fundamentos quando um pastor evangélico norte-americano é confrontado com a teoria da evolução]; na segunda parte, The Virus of Faith, alerta para o problema de incutir nas crianças, desde cedo, as crenças religiosas, sem possibilidade de escolha, dos perigos dos dogmas adquiridos, deixando para trás, a análise racional e crítica. Esta última parte recordou-me da minha infância e da forma como eu vivi a religião: desde cedo que experienciei de perto a realidade da igreja católica apostólica romana. Lembro-me de todos os dias rezar na escola primária, antes e depois das aulas, rezava antes de me deitar. Com 8-10 anos lia tudo o que conseguia sobre o Antigo e Novo Testamento, gravava os episódios de uma série de animação que passava na antiga TVI e a religião exercia sobre mim o fascínio de algo cheio de mistérios que gostaria de ver resolvidos. Actualmente represento aquilo que deve ser a trindade maldita da igreja católica [e também das grandes religiões mundiais]: sou gay, sou ateu e apoio incondicionalmente a teoria da evolução. O que aconteceu? Apetece-me dizer que apareceu o Dragonball, que era muito mais entusiasmante que As Mais Belas Histórias da Bíblia. Mas a verdade é que, aos poucos e poucos, fui ganhando a curiosidade de querer perceber tudo o que se passa à minha volta, de escrutinar a beleza intrínseca do mundo, e conclui que a religião não permitia fazer isso. Quando tinha 17 anos ainda comecei a escrever um texto chamado “O deus que não tem medo de existir” do qual ainda tenho este excerto:

“Nada. Vazio. Plenitude de tudo. E de lá nasceu o mundo como a evidência brutal do desabrochar de uma rosa. Se pudesse ao menos saber porque o fizeste... se é que realmente o fizeste. Sim, fizeste. Disso não duvido. Acho eu. Mas e onde estás tu agora? Estás aí? Estás sim. Sei que estás, não me perguntem porque o sei, sei-o simplesmente. Tu, como eu te vejo, sim, porque eu vejo-te, existes porque sim. Talvez pela mesma razão que eu existo. Não conheço o não existir. Somos cúmplices da mesma vida, da mesma eternidade pouco sensata. Mas somos diferentes […].
Tu não podes ter criado nem o Universo nem a vida. Porque tu és o próprio universo e a própria vida... e a morte também. […] Tu és, essência original de tudo, para tudo, em tudo. E não precisas que te tornem transcendental para afirmar a tua existência evidente. Mas então porque te chamo nomes? Não importa aquilo que te chame. Sinto-te em mim e em tudo como a aprazível aparição do universo em mim e em tudo. És com toda a força de conseguir ser, porque também não sabes não ser. E eu entendo-te, não como entidade, mas como harmonia com tudo, sendo parte de ti e caminhando eternamente a teu lado numa comunhão com o universo.”


Não me lembro exactamente de quando tive consciência que me tornei ateu. Mas visto de longe, o processo foi semelhante ao papel do éter na física até ao século XX, como meio de propagação da radiação electromagnética: deixou de existir porque não fazia sentido que existisse.

[continua...]

terça-feira, março 28, 2006

Intelligent Design - frustrações da pseudociência

Há muito que não faço aqui posts sobre ciência e ultimamente tenho tido algumas ideias interessantes. Este post é dedicado a uma das mais recentes investidas da pseudociência no nosso dia-a-dia: durante o ano passado foram feitas pressões nos EUA para que este "Desenho Inteligente" (é a única tradução que encontro) fosse ensinado nas escolas norte-americanas como alternativa à teoria da Evolução (com o apoio óbvio de G.W.Bush). E no que é que consta este ID? Basicamente explora a possibilidade de certos padrões da natureza implicarem que a vida na Terra tenha sido "desenhada" por engenharia divina (ou quaisquer agentes inteligentes).. Nas palavras de um dos seus defensores, W. Dembski: "há sistemas naturais que não conseguem ser adequadamente explicados em termos de forças naturais não-direccionadas e que exibem características que, em quaisquer outras circunstâncias, atribuiriamos à inteligência." O facto é que esta ideia tem muito pouco de ciência, e a maioria da comunidade científica nem considera que seja uma teoria, uma vez que não é passível de ser sujeita ao método científico. Os criacionistas viram no ID uma forma de cativarem algum público incomodado com o reducionismo da teoria darwinista. Não me vou alongar muito mais porque existe uma série de posts que considero de leitura obrigatória no ContaNatura acerca desta temática. Deixo alguns links para quem estiver interessado (aconselho vivamente a leitura!), assim como alguns cartoons que dizem muito.




Links:
1. Intelligent Design - Wikipedia
2. O Desígnio Inteligente: 1 | 2 | 3


P.S.: Na blogosfera científica tenho visto várias vezes os proponentes deste Intelligent Design serem carinhosamente apelidados de IDiots... :)

Turtles Rock

Tartarugas Ninja! (lookout for Shredder)




Link: Smosh.com

sábado, março 25, 2006

Amesterdão num dia!

O dia de Sábado começou cedo para mim e para o Ghast! Às nove da manhã já estávamos no comboio a caminho de Amesterdão, a capital do país. Sempre tive muita curiosidade em visitar esta cidade, muito devido à publicidade que toda a gente me vinha fazendo em Portugal. E de facto é uma cidade muito diferente mas também mais pequena do que esperaria à partida (pelo menos o centro). E foi uma autêntica aventura tentar ver aquilo a que nos tinhamos proposto... principalmente porque não tínhamos mapa.... como tal acabámos por percorrer a pé praticamente toda a parte Central de Amesterdão, passando inúmeras vezes pelas mesmas ruas e pela praça do Museu Madame Tussaud. É fantástico o número de coffee shops e de mushroom shops que se vão acumulando ao longo dos canais! A diversidade cultural nas ruas é fantástica, desde estilos diferentes, nacionalidades, exuberâncias, etc... (confesso que há um certo enviesamento: nuestros hermanos proliferam em Amesterdão!). Passámos a manhã nas ruelas com lojas, na American Book Center, perdidos no meio da multidão. A cidade pareceu-me de facto ser bastante open-minded, muitos dos hóteis possuem uma bandeira arco-íris, sinónimo de gay-friendly, mas a naturalidade de encontrar uma sex-shop gay junto de um McDonalds e um KFC espantou-me!
Aproveitámos a tarde para passear pelo Red Light District, onde o cheiro a ganza se impôe por volta das 15h, as janelas abrem as cortinas para prostitutas de todos os feitios e idades (algumas não primavam pela beleza......) e há dezenas de sex-shops ao longo dos canais - um ambiente muito alternativo! (não sei se foi do cabelo comprido ou da barba por fazer, mas tentaram oferecer-me cocaína 4x!). Antes de ir embora ainda passámos por uma loja dedicada ao Manga, com uma interessante action-figure de Jesus Cristo.
Por volta das 17h tivemos de voltar para o comboio porque nenhum de nós se aguentava nas pernas, mas Amesterdão será certamente um destino a recuperar quando houver oportunidade - da próxima vez para ver alguns museus que pareceram muito apelativos. Ficam aqui algumas fotos do dia de ontem!



1. Estação central de Amesterdão!
2. Bem, como seria de esperar, mais um canal!
3. Junto da Rua Amstel - onde há uma série de hotéis gay-friendly.
4. Da primeira vez que passámos pelo Drake's pensei que fosse uma livraria, só desconfiei por causa da quantidade de arco-íris que tinha no edifício. Quando lá voltámos percebi que era uma sex-shop gay, muito bem enquadrada numa série de restaurantes e fast-foods.
5. Aqui entrámos no Red Light District, e ao lado da 1ª sex-shop, um Shoarma. Em frente estava uma pastelaria e uma pizzaria. Afinal de contas, pretende-se a total satisfação do cliente!
6. Um dos edifícios onde se encontram várias prostitutas, este com vitrais com figuras eróticas antigas.
7. É difícil não encontrar todo o tipo de acessórios sexuais na quantidade exorbitante de sex-shops concentradas nestas 2-3 ruas. A explorar com mais atenção...

Sketches from Delft #4

Esta semana foi relativamente calma por aqui. O trabalho agora vai mais calmo e vai estar durante algumas semanas direccionado para a Biologia Molecular, pelo menos enquanto espero que o meu mutante esteja concluído, para prosseguir com as fermentações. Meanwhile, lots of reading...

Uma das surpresas da semana foi ter o meu colega Tiago cá por Delft. Veio fazer um curso de uma semana, inserido no programa Athens, e Terça-feira jantámos juntos e estivemos a conversar durante umas horas - um tempito muito porreiro!



Aos poucos lá vou tentando pôr os sonos em dia, mas isto tem-se revelado uma tarefa extremamente complicada... embora com algum cansaço acumulado, a semana terminou muito bem: um excelente dia passado em Amesterdão e as pernas anestesiadas de tanto andar... relato fotográfico brevemente!


segunda-feira, março 20, 2006

O Fim de uma Era




Na altura, por falta de tempo, não fiz aqui nenhum post sobre este acontecimento, que me marcou [sim eu sou do género sentimental e que se emociona facilmente com estas coisas!].. No já há muito passado dia 21 de Outubro de 2005, os Nightwish deram o seu último concerto da Once Upon a Tour, na Hartwall Arena em Helsínquia, que coincidiu também com o último concerto enquanto banda com a sua formação quase inicial. Depois desse concerto, foi pedido à vocalista Tarja Turunen que terminasse ali a sua participação nos Nightwish. Isto foi algo que me entristeceu porque, para além de ter sido esta banda que me iniciou no metal sinfónico, havia um certo ambiente que me prendia como que num vício de inspiração. Mas afinal todos somos humanos :). E eles irão agora continuar os seus caminhos em separado (e que pretendo acompanhar atentamente). Os Nightwish continuarão com uma nova vocalista [que será conhecida na devida altura] - o Tuomas é uma força criativa e estou certo que o novo album vai ser estrondoso. Tarja seguirá a sua carreira a solo que já estava a dar os primeiros passos [e que aparentemente poderá ter alguns contornos de metal... let's see!]. Para mim é como se tivesse sido encerrado um ciclo - os Nightwish foram quase como que a banda sonora de vários anos da minha adolescência e são um alimento para esta criança que teima em viver dentro de mim [espero que por muitos anos!]: um mundo de elfos e fantasia e liberdade, de belas e monstros, de música épica... fico contente de ter podido ve-los ao vivo uma vez na antiga formação, no Vilar de Mouros de 2005. Long life to Nightwish!

Como marco do último concerto da banda, vai sair em Junho um DVD com o concerto na Hartwall Arena e alguma extra stuff - End Of An Era...
Aqui fica uma das mais bonitas baladas, "Sleeping Sun" no remake que fizeram o ano passado, pouco antes de Tarja sair da banda.



"...two hundred twenty-two days of light will be desired by a night
a moment for the poet's play until there's nothing left to say..."

domingo, março 19, 2006

Passeios e Grafittis

Hoje, pela primeira vez, reencontrei o pessoal do curso - a Inês, o Chico e o Andrade estiveram em Den Haag e resolveram dar um pulito cá por Delft. Foi muito bom ver caras familiares e pôr a conversa em dia. É engraçado que muita gente do meu curso veio para o Norte da Europa estagiar e andamos todos aqui por estas bandas (Holanda, Belgica, Dinamarca, Alemanha, etc..), pelo que se esperam alguns meetings para nos reencontrarmos e também para irmos conhecendo outros locais. Lá andámos a percorrer o Centro da cidade e o Campus Universitário da TUDelft até à exaustão - ao menos assim puderam ver o contraste entre a zona antiga e os edificios modernos do Campus ;) Entretanto a Inês teve de voltar a Den Haag para recuperar um telemóvel perdido - telefonaram a avisar que se tinha esquecido do telele! coisa impensável em Portugal! - e portanto a visita foi curta. Mas espero revê-los para o próximo fim de semana, desta vez em Amesterdão, e com mais pessoal. Infelizmente o momento não ficou registado mas para a semana será!


Entretanto quando voltava para casa com o Ghast, passámos por um viaduto onde um grupo andava a grafittar umas paredes e com um trabalho muito engraçado - parece que é usual por aqui pois já não é a primeira vez que os vejo a fazer grafittis no mesmo muro. Aqui fica um pouco da arte [foto em cima].

Sketches from Delft #3

Esta semana foi um tanto cansativa porque realizei as primeiras duas fermentações e durante esses dois dias foi trabalho em continuo durante 10h, recolhendo amostras e dados de meia em meia hora - o que implicou estar constantemente de pé ou com intervalos de espera de 20 minutos, o que mal dá para comer qualquer coisa de jeito. Mas já vou conhecendo os cantos ao laboratório e o pessoal tem sido impecável, orientando-me sempre que preciso de ajuda. Toda a gente tem mostrado entusiasmo com o meu projecto o que me motiva ainda mais. O primeiro conjunto de resultados foi muito interessante e vamos ver como se vai seguir para a semana. Este fim de semana foi portanto para dormir um bocado e descansar.

Entretanto vou deixar algumas das fotos que tenho vindo a tirar [algumas já antigas mas que ainda não tinha tido oportunidade de postar].



1. Um dos edifícios do Campus da TUDelft pelo qual já passei imensas vezes mas que só há uns dias me apercebi do quão interessante é, porque passei por lá já no anoitecer. Todo vidrado, as paredes vermelhas deixam passar um ambiente muito sofisticado e ao mesmo tempo acolhedor. O facto de ter um lago em frente ao edificio ainda lhe dá um toque artístico mais giro.

2. Logo no primeiro dia que cá cheguei dei de caras com um banco que parece estar um pouco por toda a parte cá em Delft: Rabobank.. é bem!

3. A minha bancada de trabalho no laboratório e os dois fermentadores com que vou trabalhar durante a minha estadia no YeastGroup [ou GistGroep em holandês]!

4. Eu, junto a um canal, a caminho da Universidade às 7.30 da matina - num dos dias em que entrei às 8 porque geralmente entro às 9h.

5. Esta foto marca um dos momentos altos de Terça-feira passada, quando fui com o Ghast a um jantar de despedida de um dos elementos do grupo de investigação (que vai para o Canadá). O J. passou a noite a dizer-me que estava com medo que lhe roubassem a bicicleta porque estava junto a um poste e não sabia se estava segura. Só compreendi o sentimento de insegurança dele quando, 4 horas depois, saímos para ir buscar a bicicleta - speaks for itself!

See ya soon ;)

sábado, março 18, 2006

Delft Update

Hey.

Estes últimos dias têm sido muito estranhos... tanto eu como o Ang3luz, assim que chegamos cada um ao seu quarto, passado uns minutos estamos invariavelmente a dormir.
O Ang3luz tem tido umas experiências chatas para fazer no laboratório (10 horas a fazer medições...), no meu projecto tem aparecido uns problemas complicados de resolver e tenho-me aplicado mais.

Hoje descobri o Centro Cultural, da Universidade. Fazem lá workshops todas as semanas, têm muitos instrumentos para tocar, e o mais importante, cinema à borla na Terça à noite! (sim, que aqui os bilhetes são caríssimos... 7-8€)

terça-feira, março 14, 2006

Daicon IV

"It`s either real, or it`s a dream, there`s nothing that is in between."



Descobri há alguns dias esta parte da história do anime... Em 1983, a Daicon IV (22ª Convenção Japonesa de Ficção-Científica) abriu oficialmente mostrando este video.

Convém dizer que o vídeo foi completamente fruto de trabalho amador de um pequeno grupo de fãs, e tem melhor animação que muitas coisas que passam hoje na TV. E é de doidos, se pensarmos no esforço que foi investido, porque a ideia era passá-lo uma vez para uma audiência não muito grande.

Mas o vídeo captou a atenção de nomes importantes, e o grupo arranjou financiamento para fundar a Gainax, que mais tarde criaria a famosíssima série Evangelion (e o FLCL, e o KareKano...)

O video em si... é lindo =) E a música faz grande parte da magia.


Podem ver aqui uma explicação muito boa do video:
Otaku no Dreaming: The Daicon III and IV Videos

Recentemente, foi feito um TV Drama (Densha Otoko) baseado numa história real, sobre um romance entre um otaku e uma rapariga "normal" (durante uma viagem de metro ela é assediada por um bêbado e ele salva-a), e o opening dessa série é um tributo a este vídeo!
Densha Otoko Opening

segunda-feira, março 13, 2006

SNES-Genesis Lan Party

Há ideias que aparecem muito à frente do tempo. Quem imaginava no início da década de 90, andar a jogar através da Internet com uma MegaDrive, ou até um NES?

A verdade, é que chegou a ser desenvolvido um modem para estas três consolas (MegaDrive, SuperNintendo e NES), que permitia jogos entre as diferentes plataformas. E funcionava! Infelizmente, nunca chegou a ser lançado. O artigo abaixo, além de explicar a história, é um testemunho de como apertados esquemas de licenças podem matar boas ideias.

"In 1992, when the World Wide Web was still an ambitious dream and most people had not even heard the term “email,” Keith Rupp designed what was arguably the world’s first console gaming modem. The Baton Teleplay Modem, designed for the three leading consoles of the time, offered something that was then unheard-of to gamers: the ability to compete head-to-head against a real human player anywhere across the country. It was a revolutionary idea, far ahead of its time, that almost certainly would have changed the face of gaming as we know it. So why have you never heard of it? I caught up with Keith to find out."

Baton Teleplay Modem

sábado, março 11, 2006

Escher in het Palais

Pois bem, [depois de me ter deixado dormir....] lá fomos a caminho de Den Haag esta manhã, para passarmos uma tarde muito interessante. Ontem disseram-me que um antigo palácio desta cidade tinha sido transformado num museu em homenagem ao artista MC Escher. Escher sempre despertou em mim uma imensa curiosidade [desde os tempos em que fiz um cartaz para uma peça do meu grupo de teatro em que usámos um desenho seu de um olho com uma caveira]. Sempre adorei os jogos de (as)simetria, as escadas que sobem e descem em simultâneo, as metamorfoses animais que se repetem infinitamente e o explorar dos limites entre a tridimensionalidade e a bidimensionalidade [como o dragão que, sendo em 2D tenta passar a 3D mordendo a sua cauda através de dois cortes no papel, sem grande êxito].

Hoje não só vi tudo isto, como ainda assisti a 9 min de realidade virtual em que se fez um breve passeio pelo Universo estranho de Escher, e ainda tivemos tempo de jogar a alguns jogos. Vimos alguns originais da madeira cravada com que Escher pintou muitas das suas litografias de paisagens, auto-retratos, etc.
Achei o museu muito acolhedor e até o quarto dos cacifos tinha pormenores giros, como o sofá e as cadeiras no tecto, e uma mesa na parede lateral. Aqui ficam algumas fotos.


Depois da visita ao Museu ainda fomos passear um pouco por Den Haag, que tem um ambiente muito diferente de Delft, mas também muito interessante - um local a revisitar muito brevemente! Mais umas fotos.


1. Uma sex-shop com uma montra muito arrumadinha e muito convidativa... hehe
2. Quando estávamos numa das praças em Den Haag, começou a cair imensa neve! acabámos por nos refugiar num McDonalds.. e aproveitamos para almoçar-lanchar-jantar whatever...
3. Mais um canal rodeado de edifícios com uma arquitectura muito gira e com esquemas de cores muito apelativos!

[to be continued]


Fun Fact: Bleach Goggle

(Era para estar com o Ang3luz a caminho do Den Haag, para visitarmos o museu do Escher, mas parece que alguém se deixou dormir...)

Se hoje, 11 de Março de 2006, fizermos um search no google por Bleach, na primeira página só aparecem resultados relativos ao manga/anime Bleach, e só na segunda página é que aparece alguma coisa a ver com lixívia.

Video: Nintendo Medley

Um grupo coral decidiu fazer um medley de várias músicas da Nintedo, do tempo do NES, e o resultado está muito bom... não percam a parte do Tetris.



Jogos onde as músicas aparecem, pela ordem que são cantadas:
Super Mario Bros - Dr.Mario - Super Mario - Tetris - Mortal Kombat(filme) - Super Mario Bros - Zelda - Super Mario Bros

quinta-feira, março 09, 2006

Algumas (poucas) fotos...



Bem já posso publicar aqui algumas das fotos que tenho tirado à cidade durante alguns passeios ao longo dos canais da zona central [a qualidade é aquela que a câmara permite!].

O ponto alto do dia de hoje foi quando me perdi no edifício do Departamento de Biotecnologia para ir assistir a um Colóquio de Engenharia Metabólica... o meu exacto e preciso sentido de orientação levou-me a nenhures e lá tive de ficar à espera que aparecesse alguém para voltar ao trabalho.. e não vi o colóquio... shame on me :P

Sketches from Delft #2

Pois bem, em breve começarei a fazer posts com mais fotos! Não arranjei câmara digital quando vim para aqui e logo para minha sorte, o sistema de infravermelhos do telemóvel deixou de funcionar..... vai daí e comprei um Bluetooth device e portanto as fotos que postarei brevemente são todas do telemovel. Quanto às novidades:

1º No Domingo fui dar uma volta pelo centro de Delft e encontrei uma rua onde existe de tudo um pouco: uma chocolateria (com uns chocolates de laranja excelentes!), uma livraria e uma loja de livros em segunda mão, um supermercado C1000 (uma das cadeias de supermercados holandesas), uma loja de informatica, uma loja de produtos naturais e um restaurante japonês - acho que vou voltar lá algumas vezes! Só não visitei mais porque estava um vento muito frio que enregelava a espinha;

2º Ontem fui com o Ghast à segunda aula de Aikido por cá, muito mais participada que a primeira e bastante interessante. Á parte do facto de ter sido quase sempre leccionada em neerlandês [bem isto não devia ser limitação para quem participa em estágios em japonês...] foi, de um modo geral, muito cativante. No final, o professor responsável pelo Dojo que também é pintor, convidou-nos para um convívio que costuma haver todos os meses entre os praticantes, na galeria dele. Foram umas horitas bem passadas em que aprendemos um pouco de tudo sobre os holandeses e os seus hábitos;

3º Esta semana comecei a trabalhar no laboratório e a partir de agora vai ser sempre a fazer fermentações, hehehe. Quem diriaque eu, que não sou apreciador de cerveja, ia acabar a trabalhar com um dos seus principais produtores? [de seu nome Saccharomyces cerevisiae] A experiência no laboratorio tem sido interessante, o meu orientador está quase sempre junto a mim neste primeiro estudo, mas a interactividade entre as pessoas é muito grande! Já me avisaram que tenho de arranjar um amuleto para pôr por cima do meu conjunto de fermentadores... para quando as coisas não estiverem a correr da melhor maneira. Se correrem mesmo mal sempre posso recorrer ao armário dos chocolates...

[to be continued]


terça-feira, março 07, 2006

Musica: Terra's Theme

Faz parte do Final Fantasy VI, e é a primeira música que se ouve quando se comeca um novo jogo.



Foi também esta música, exactamente esta versão, que uma vez ouvi na rádio enquanto ia a caminho de Faro.

Estava a passar pelo Forum, e levava o jipe do meu pai, que hoje e naquela altura era raro eu conduzir, coloquei na Radio Renascença, que nunca oiço quando vou no meu carro, e que apenas ficou sintonizada porque era uma das estações memorizadas no radio do jipe, e andava ali no zapping.

Anunciam então na radio que vão falar da edição de um livro muito especial (que só depois disseram ser uma colecção de escritos cristãos muito antigos que ia ser editado em português... enfim). Mas entretanto, entra a música! Foi quase surreal estar a ouvir aquela musica tão conhecida para mim, naquele contexto, enquanto uma voz-off falava sobre o livro.
Até porque é uma daquelas coisas que eu imaginava de vez em quando, alguém à socapa meter a música de um jogo assim num programa mainstream qualquer, fosse rádio ou TV.

Isto faz quase dois anos...

Terra's Theme

Esta música também é do Nobuo Uematsu, e a parte que apareceu na rádio, foi a partir do minuto 1:43 em diante.
(aproveitem que o download é nacional ;P )

segunda-feira, março 06, 2006

Musica: Female Theme Remix

Vou partilhar aqui uma música que me acompanha há já alguns anos. Conheci-a ainda em formato MIDI, fazia parte de um concurso de remixes de uma página sobre música de jogos, e só há pouco tempo descobri que havia uma versão MP3 dela (embora o som continue muito parecido ao MIDI =) )

Não é bem uma música, mas uma colecção, um medley de todas as músicas associadas a personagens femininas do Final Fantasy, do I ao VIII. São 23 minutos de música que nunca me cansei de ouvir.

FF Female Theme Remix

PS.: Algures no meio aparece um excerto d' "O Lago dos Cisnes" (FF II). Já sei que é do Tchaikovsky, e não do Nobuo, o autor das restantes músicas.

Bem, também ficam já avisados que acredito que praticamente só quem tenha jogado alguns dos jogos é que vá apreciar o MP3.

Mad TV: The Gayness of Being Straight

Graças ao YouTube e aos Videos do Google, agora podemos deliciar-nos com pérolas como a seguinte, da MadTV: eu sempre achei que aquela virilidade toda do futebol tinha muita queerness por detrás....

domingo, março 05, 2006

How Nerdy Are You?

O subject geek/nerd na minha turma sempre foi uma coisa muito gira de se ver quando era discutida, porque basicamente, todos eram geeks mas ninguém admitia (uns menos que outros).

Para tirar as dúvidas, aqui fica a prova:
I am nerdier than 77% of all people. Are you nerdier? Click here to find out!
Pois é, não dá para negar. Aquilo diz que sou mais nerd que 77% de todas as pessoas que fizeram o teste.

Para um teste mais aprofundado, experimentem este:
The Original GeekTest
(eu tive à volta dos 25%, e o Ang3luz dos 22%, o que já chega para o nível de Geek.)

sábado, março 04, 2006

Sketches from Delft #1

Vou começar a fazer uma série de posts para, a pouco e pouco, ir actualizando a minha vida na Holanda. So here it goes...

1º Bem, nunca tinha estado na neve antes e desde que estou em Delft, já apanhei dois nevões com direito a canais congelados e tudo (até tive tempo para apanhar com uma bola de neve em cima). Estou hospedado num estúdio no Roland Holstlaan, no 13º andar, e portanto sempre que neva tenho uma vista priviligiada da cidade coberta por um manto branco ;) [o facto de isto ser tudo plano também ajuda muito]

2º Já estou muito bem instalado no Grupo de Microbiologia Industrial da TUDelft, na Faculdade de Ciências Aplicadas. Logo no primeiro dia em que contactei o meu orientador indicaram-me um gabinete e uma secretaria com direito a pc - estou no gabinete com dois PhD, um chinês e outro brasileiro - o que me permite falar português de vez em quando para aliviar :) passei os ultimos dois dias a ler material para o meu projecto e segunda-feira vou para o laboratorio meter as mãos ao trabalho. O grupo é excelente e fui muito bem recebido: já tive direito a um bolo de chocolate e um crumble de maçã no dia em que uma colega fez anos!

3º Ontem fui com o Ghast à procura de um local para praticarmos Aikido. Depois de andarmos meia hora perdidos à procura do local lá o encontrámos, quando tivemos a brilhante ideia de consultar um mapa da cidade! Como chegámos atrasados decidimos ficar a assistir até que, quanto estávamos a congelar, o professor nos convidou para entrar no tapete e praticar mesmo sem keikogi. Terça-feira lá estaremos para continuar!

4º Uma das coisas que mais me vai custar é o estilo de vida holandês, mas aos poucos lá me vou habituar: esta semana já jantei entre as 17-18h! Mas é perfeitamente compreensível: é completamente impossível comer alguma coisa de jeito ao almoço! Vou ter de me habituar a levar comida para o laboratorio para almoçar. Mas encontrei uma lojita de um casal indonésio que vende comida oriental muito barata, o que me vai dar alguma margem de manobra na cozinha hehe. E a noção de iogurte líquido na Holanda é um pouco diferente da nossa - os iogurtes custam a escorregar no copo...

Bem por agora é tudo, espero brevemente poder começar a postar algumas fotos - antes preciso de ultrapassar as "limitações tecnológicas" :P




Hier ben ik!

Bem, cá estou eu a escrever do local que me vai acolher nos próximos 5 meses! Muito obrigado J. pelo último post - a sério, nem fazes ideia do quanto gostei de te ter comigo antes de ir embora. Aliás, acho que é algo que nunca irei esquecer aquela despedida no aeroporto às 5 da manhã! Foi algo de indiscritível. Sempre quis ir passar uns tempos no estrangeiro e fazer o estágio é uma excelente oportunidade para isso. No entanto afastar-me daqueles que são o meu mundo deixa-me sempre um bocado em baixo - mas é mais um desafio que vou encarar com um sorriso [pelo menos vou tentar!].
Cheguei à bonita e calma cidade de Delft na quarta-feira de manhã, e só ainda não postei nada antes porque estava à espera de arranjar fotos engraçadas - o que tem sido uma tarefa muito complicada.....

De agora em diante este blog servirá também para ir fazendo um pequeno roteiro daquilo que será a minha estadia na Holanda [até porque 2/3 do blog já estão em território holandês hehe]. sToRmChAsEr, espero que possas cá dar um saltinho para fazermos um jantar comemorativo do "Visão do Ser na Holanda" ;)

Zie rond u!




P.S.: Esta foto ilustra uma das experiências por que passei desde que cá estou - caminhar na neve! IUPII! lol

sexta-feira, março 03, 2006

Um post para o Nuno

Quando comecei nestas coisas dos blogs, a mania não era tão generalizada como hoje em dia. Mas o 'Uma Visão do Ser' era um desses pioneiros e sempre contou com a minha atenção, não só devido às temáticas abordadas como pela curiosidade que os seus autores me despertavam. Cheirava-me a boa pessoa por trás daquilo. A mania começou a pegar e surgiram então outros blogs a que comecei a dar mais atenção, até porque a Visão não prima pelas actualizações frequentes (mea culpa também...). O tempo passou, mas parece que o destino se havia de encarregar de juntar as duas alminhas.

Certo dia, depois de ter despertado uma outra mania, a do Hi5, o Nuno mete conversa comigo, identificando-se e tal. Nessa mesma noite falámos no MSN e vimos imediatamente que havia imenso em comum: gostávamos de ciência, éramos do Algarve, tínhamos sentidos de humor parecidos... Estava a nascer uma grande amizade. Fiz tudo ao meu alcance para me aproximar. Os primeiros tempos são sempre duros. Quando nos aproximamos de um grupo tão consistente como o grupo do Alkimia sentimo-nos constantemente avaliados, testados. 'Será que algum dia lhes vou conquistar a confiança?' - pensava. Só mesmo o tempo foi capaz de cimentar as amizades que fiz. E o Nuno teve um contributo decisivo, não só pelo seu poder unificador como pela sua simpatia.

Hoje em dia dou-me bastante bem com a maior parte da malta: claro que melhor com uns do que com outros. O Nuno é sem dúvida aquele de quem me sinto mais próximo. Por isso, também a mim me custa imenso a sua partida. Gostei de ter tido o previlégio de poder acompanhar os últimos momentos em terras lusas: fez-me sentir especial. Afinal de contas aquilo que, no início, eu não saberia se algum dia viria a ser. Mas a resposta deveria ter sido óbvia desde o início: a química era forte e impossível de ser ignorada. Se no início não havia grande confiança era pura falta de vivências em comum. Depois de tantos jantares, cafés, cinemas e outras tantas confraternizações tenho a certeza de poder contar com um grande amigo, daqueles de pedra e cal. É por isso que não me assusta a sua ausência em demasia: quando ele voltar, será tudo igualzinho, como se o tempo que durou nunca tivesse existido. Até lá, a maior das sortes lá pela terra das flores.

Um grande abraço do teu sempre amigo:

sToRmChAsEr