quinta-feira, março 18, 2004

"This is indeed Life itself!"

Há pouco tempo estava a rever algumas das obras de Escher quando dei de caras com uma que reavivou em mim memórias muito especiais.



A minha primeira vez num palco "grande", no auditório Maria Campina da Fundação Pedro Ruivo em Faro, foi para a estreia da peça "Pérolas Num Retrato do Tempo" pelo [extinto?] grupo de teatro "Os Tretas". A imagem acima foi a escolhida para o cartaz da peça que retratava várias formas de expressão da arte muitas vezes assombrada pela morte. Durante alguns meses seleccionámos textos e trabalhá-mo-los e o argumento resultou da adaptação de três thrillers que de certo modo associavam a arte e a temática da morte:

- "Pérolas de Li Pong" [não me lembro do autor]
- "A Patine do Tempo" [não me lembro do autor]
- "O Retrato Oval" [por Edgar Alan Pöe, versão original "The Oval Portrait" - PDF]

O primeiro texto narra a história de um pintor que se perde no alcóol e que se predispõe a tudo para sair desse vício, inclusivé a matar - um famoso coleccionador de arte promete comprar-lhe a sua obra se ele matar um ex-amigo estrangeiro que vive em Hong Kong e que possui as pérolas de Li Pong. A história toma uma reviravolta incrível e no fim o pintor sofre um género de "despertar" e recomeça toda a sua obra com um espírito rejuvenescido. Quanto ao segundo texto, "A patine do tempo" fala das peripécias de uma pintora que pinta sem saber o quadro de um homem morto. O último texto [o que mais gosto] fala de um pintor louco que ao tentar imortalizar a sua amada num retrato a vai matando aos poucos. Ele termina a obra-prima dizendo "Isto é sem dúvida a própria vida!" e, ao mesmo tempo, a mulher cai morta a seu lado.

Para primeira experiência em cima de um palco, para quase 500 pessoas, correu bastante bem. A peça estava preenchida de surrealismo negro, de música excelente, de vários motivos orientais, de alguns tangos do Astor Piazzola e acima de tudo de um grande espírito de entreajuda do grupo [e dos hilariantes momentos que passámos nas restantes apresentações]. Lembro-me como o ensaio geral, três horas antes da peça, teve uma série de sobressaltos e o técnico de luzes chegou bastante atrasado!
Recordo-me como se fosse hoje da pequena passagem que fiz pelo mundo do teatro e das excelentes aulas de expressão corporal que o Pedro (professor e encenador) partilhava connosco.

P.S.: Vou aproveitar para abrir uma nova secção nos blinks dedicada às várias formas de arte - poesia, pintura, fotografia, teatro, cinema, e tudo o que me ocorrer.