sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Desmembrando Mitos - o Beijo

Uma coisa que sempre me fez imensa confusão foi o pseudo-misticismo que envolve o macho latino [e tudo o que lhe está subjacente]. Nunca percebi muito bem a aversão demonstrada à simples visão de dois homens beijando-se [perceber até percebo, mas espanta-me a falta de fundamento deste tipo de atitudes]. Sempre cumprimentei de beijo os meus pais, os meus tios e avós e a restante família. Mas o facto é que à medida que fui crescendo, verificava que o cumprimento por beijo estava restrito ao ambiente familiar, “somos familiares, nutrimos afectos, temos desculpa” – fora deste ambiente é preciso mostrar a virilidade latente do homem, o macho forte que vai ser o chefe de família. Abraçar ainda se admite agora o beijo? Demasiado sensível. Tenho de admitir que estas atitudes, que ainda presencio muitas vezes, me causam uma sensação visceral de incredulidade. Acho que a primeira vez que vi dois homens cumprimentando-se com beijo, in vivo, foi quando fui à Grécia com o Ghast e mais um grupinho do secundário: recordo perfeitamente a cara de espanto de um dos professores que nos acompanhou quando um dos professores gregos lhe deu um beijo na face. Gostava de saber qual seria a atitude de um exemplar macho latino se tivéssemos alguns costumes tribais.

Na tribo australiana dos Walibiri consta que os homens se cumprimentam apertando os pénis uns dos outros. Pagava para ver o típico pai de família português em viagem com os filhos pelas tribos australianas. E seria normal.