O dia depois.
De entre os vários comentários que li por muitos blogs e no próprio PÚBLICO, aquilo que mais me impressionou foi a convicção com que tanta gente opina [ok, eu já sabia isto, mas não deixa de me impressionar]. Desde argumentos científicos e anti-científicos, moralistas, discriminatórios, estritamente homofóbicos, "tolerantes"-mas-adoptar-crianças-é-que-não, pseudo-conservadores, evolucionistas, revolucionários, não consegui [salvo raras excepções] encontrar humildade nas palavras. Disponibilidade. Temos muito que aprender a nível civilizacional. A nível pessoal. Há ainda um longo caminho a percorrer para construirmos algo de novo para a sociedade, aliás, para as diversas sociedades. No entanto é reconfortante saber que ainda existe muita gente disponível para isso e que se dedica a essa árdua tarefa. As palavras de LVB são perigosas. Pela forma como foram proferidas. Pela intenção [e por tudo aquilo que está subjacente a ela]. Porque facilmente se desmorona um castelo de cartas [que tem demorado séculos a ser construido].
"A pensar no bem das crianças!". Vou ser sincero. Sempre fui da opinião que se protegem demasiado as crianças - por vezes chegando ao limite de não as deixar desenvolver as suas capacidades latentes. Acho sim que devem crescer sem se ver privadas dos direitos humanos. Mas que o processo cognitivo por que passam deve ser rico e bem experienciado permitindo-as construir o trampolim que lhes permitirá saltar para o futuro. E devem ser amadas. E o Amor é dinâmico.
Não consigo deixar de me sentir ignorante e insignificante quando vejo a fragilidade das nossas construções sociais quando comparadas com a funcionalidade inerente às sociedades de várias espécies que coabitam connosco. Há muito trabalho a fazer. Aceitam-se voluntários.
Hoje estou como o Alberto Caeiro. Gostava de ser como uma pedra. Mas estou mais sereno. Just some thoughts...
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