Jornada até á Utopia
Ao reler algumas coisas minhas encontrei um texto que escrevi há dois anos atrás e que me traz boas recordações. Just to share some of my old(?) thoughts...
"Sento-me agora para escrever, há muito tempo que não escrevo nada, há que aproveitar estas inspirações... as férias estão quase no fim...a tarde ergue-se lá fora na vertigem do dia; por entre as nuvens algumas pinceladas de sol. Ao fundo uma melodia já muito familiar...all these little rejections, how they add up quickly... quando a primeira vez?.. the moment i decided not to abandon me...desde quando esta fascinação? Algures numa memória do infinito... Para quando a reinvenção desta utopia que me move? Para quando a reinvenção do Homem? Para quando eu? Para quando nós?... E desde quando esta força??...isn't it ironic, don't you think?? Muito provavelmente...sim, foi. Lembro-me com a nitidez de uma fotografia recente. A música era engraçada, ficou-me no ouvido. Ainda não tinha suficiente à-vontade no inglês e as letras passavam-me de rompante. Mas gostei e encomendei um album por uma revista. A surpresa superou todas as minhas expectativas. Mas tanta ingenuidade...havia outras músicas engraçadas no album mas depressa o arrumei...sim, confesso...mas há que saber ouvir de tudo para conseguir separar o trigo do joio e naquela altura todo eu ansiava a novidade...desde sempre me ficou esta vontade de experimentar coisas novas...e na época eram tantas coisas novas, tanta coisa...é assim quando a colheita é abundante temos mais dificuldade em concentrar os nossos esforços naquilo que realmente vale a pena...mas o tempo. O tempo descobre até as verdades gravadas nas pedras ao longo dos séculos. E um dia fez-se luz e nos meus rebeldes 15 anos dei a segunda oportunidade. Porque em tudo na vida existe segunda oportunidade. E às vezes até na morte...tais não são os desígneos que nos movem. E então encontrei um novo alimento para a minha rebeldia para com a sociedade. É tão bom saber a comunhão de ideais... i never forgot it confusing as it was...no fun with no guilt feelings..we all had our reasons to be there, we all had a thing or two to learn, we all needed something to cling to...e então a minha curiosidade. Aquela vontade animalesca de saber mais, de conhecer tudo até ao tutano dos ossos. Mas ainda só até aos ossos. Na altura havia saído um segundo album de originais. "Suposed Former Infatuation Junkie", que nome tão convidativo. Bem, não perdia nada. Mas foi um choque! Foi como disparar uma bala de canhão contra uma folha de papel e ela voltar para trás. E então de novo a curiosidade. Porque esta mudança repentina? Bem, não me devia admirar afinal de contar, também tinha há pouco tempo acabado de entrar para o Aikido e também me revolucionava constantemente. Acho que foi a partir daí que comecei a crescer virado para o oriente. E sempre a vertigem desta fascinação. Mas dizia eu. A curiosidade. Ouvi falar de uma digressão pelo médio oriente, qualquer coisa como uma experiência oriental. Nada estava para mim ainda bem definido - nevoeiro. Mas agora que olho para trás daqui sentado. Sim foi a India. Afinal parece que existem coincidências - agora te oiço, ..let's twist the wheel over tea, let's discuss things in confidence...let's solve the worlds problems... so pure, such an expression... entraste por mim com toda a violência de existires, perspassaste-me com a tua esperança, uma nova forma de ver a vida...e eu pensava tanto. E sonhava. Quero mudar o mundo! - gritei outrora. Mas. É tanta gente. Senti-me abafado até por debaixo da pele. Vencido. E resolvi mudar de estratégia: quero conhecer tudo até ao fim, sentir tudo ao máximo, absorver este mundo e vomitá-lo de seguida. E então mais coisas novas. Foi então que conheci aquela voz. Nunca tinha ouvido tal coisa. Parecia sacrilégio! Mas o fruto proibido. Tantas vezes apetecido. E mais uma vez aquela visão do mundo natural. O Oriente...i want to hunt with the tameless heart, i want to learn the wisdom of mountains afar... e ainda eu não me tinha recomposto deste murro na cara... it is the journey that matters the distant wanderer, call of the wild, in me forever and ever and ever forever wanderlust... e esta visão é tão fascinante... e em palco. Energia. Ki. Oriente. Coincidências.
O sol desce sobre mim. Vivem nas cortinas as sombras da noite que se aproxima. E então soube. Um prémio. Um espectáculo em Portugal. Mas ainda só até aos ossos. Memórias de momentos vividos aos extremos. Mas a sede de novidades tem as suas consequências. Quando temos muito por onde escolher não podemos escolher tudo ao mesmo tempo. Tudo é assim. E quando escolhemos já está feito. Mas as memórias. Participei. E perguntaram-me por um prémio atribuido. Valeram-me os meus amigos e as novas tecnologias. Prémio da Tolerância Global - mais tarde viria a saber porquê. Mas ganhei. E fui ver. E foi único. E desde então pouco tempo se passou mas - o tempo não é absoluto. Neste pouco tempo revivi tudo o que vivi e ainda mais. Porque há sempre mais alguma coisa. E soube o "Under Rug Swept" - e mais uma vez a mudança. Que genialidade. E foi então que. Utopia. E aí comecei a ter uma segunda visão. Porque até então foi só até aos ossos. E os ossos por vezes escondem universos. Um prémio de tolerância global, por alguma razão havia de ser. E compreendi essa nova linguagem de transmitir a esperança. Porque é preciso que nos juntemos todos numa sala, cintos apertados, e comecemos a dialogar. Porque é preciso mudar o mundo. E cada um de nós pode mudar o mundo. Mas sozinhos dá muito trabalho. Por isso é preciso que nos unamos. Vamos manter a calma, de consciência tranquila, sinceridade sem medos póstumos... we would stay and respond and expand and include and allow and forgive and enjoy and evolve and discern and inquire and accept and admit and divulge and open and reach out and speak up... esta é uma utopia, uma visão derradeira de paz... Porque é preciso abrir os braços, saltar para o infinito, aceitar a diferença, harmonizar, abrir lugar a todas as emoções. Utopia... we'd rise post-obstacle more defined more grateful we would heal be humbled and be unstoppable we'd hold close and let go and know when to do which we'd release and disarm and stand up and feel safe... esta é a sua utopia e a minha. Visão final. Estado supremo de Nirvana... Momento particular entre os Homens... Mas quando a primeira vez?.. desde quando esta fascinação? ...Para quando a reinvenção desta utopia que me move? Para quando a reinvenção do Homem? Para quando eu? Para quando tu? Porque eu e tu somos as duas forças que fazem girar o sonho. Porque eu e tu somos supostos ser um. Para quando nós?
Nuno Tenazinha
1 de Março de 2002"
P.S.: Se não me engano escrevi isto aquando da vinda da Alanis Morissette a Portugal, para promover o "Under Rug Swept".