Na sequência de uma conversa que tive à pouco tempo com o
TheVermelho achei por bem deixar aqui um momento de reflexão [que faz falta a muita gente nos dias que correm...]. Com a questão do novo referendo para a legalização do aborto tem ressurgido [e veio à conversa no programa "Prós e Contras" da RTP1] a muito controversa questão dos limites da vida [aqui entendida como vida humana]... é sem dúvida um assunto muito delicado e, a meu ver, de complicada resolução.
Também em vários aspectos da clonagem humana [quando se lembram de que as ciências biológicas não páram no tempo...] este tem sido, sem dúvida, um assunto por demais discutido.
Por isso mesmo não é disso que eu aqui falo :)
Quando nós discutimos acerca da vida estamos geralmente centrados naquilo que melhor conhecemos: nós próprios! e esquecemos que de todas os milhões de anos de evolução biológica há quem muito mais tenha a dizer do tema.
A vida é muito anterior ao Homem [talvez até ao próprio Universo, do pouco que dele conhecemos].
Mas é também importante mencionar a importância que a nossa espécie teve na percepção das diferentes dimensões inerentes a essa própria vida e da forma como actualmente [e infelizmente...] isso passa ao lado a muita gente.
Como exemplo posso usar a clonagem. A própria palavra "clonagem" deve deixar um sentimento de desconforto quando ouvida por um leigo em matérias de biotecnologia. Clonagem - esse atentado à sobrevivência humana! É um facto que o termo clonagem é usado e abusado desde à bastante tempo (meio século aproximadamente) desde que se começaram a desenvolver as ferramentas da Biologia Celular e Molecular.
Em laboratório, é prática comum o uso de "vectores de clonagem" que permitem fazer estudos genéticos em várias estirpes bacterianas... eliminam-se genes para testar funções biossintécticas, fusões de DNA, etc etc... Brinca-se com a vida a um nível mais primordial, com seres que, a nível evolutivo, existem à muito, mas muito mais tempo que nós - e que, atenção, são essenciais [ao contrário do que se possa pensar] à existência da nossa espécie.
Ás vezes penso que deveriamos ser mais humildes para com o Universo que nos rodeia, para que possamos [algures num futuro distante...] tomar uma maior consciência do nosso papel enquanto humanos.
Fica aqui.. apenas para a reflexão.
["
A Força do Mar"
AUTOR: O Maltês
FONTE: 1000 Imagens]
E pensar que a nível molecular a vida não é mais do que um imenso código que se limita a sintetizar proteínas, inúmeras proteínas... e que está muito longe da perfeição porque também são cometidos erros, por vezes bem graves do ponto de vista da sobrevivência. Não obstante é tudo isto que me deixa feliz por ser humano e poder admirar a beleza que é intrínseca a todas as coisas.