sexta-feira, janeiro 23, 2004

Genes

Um pouco na continuação do post anterior, neste momento (e há já algum tempo) ando a ler "O Gene Egoísta", de Richard Dawkins. O livro já tem uns anos (a data do primeiro prefácio é de 1976) e muito resumidamente, a teoria diz que o rumo das várias evoluções, e o comportamento que hoje vemos em todos os seres vivos, não é mais que uma consequência da 'luta' dos genes para sobreviverem (em oposição aos seres vivos. E até explica muito bem esta ideia, ao evidenciar o efémero que um único ser é, se pensarmos que um gene pode ser imortal). Também nos diz que este comportamento é impulsionado por um sentimento egoísta de sobrevivência (ao contrário do altruísmo defendido na Selecção de Grupo).



Durante o livro, achei interessantíssimo vê-lo falar dos "seres vivos" como meros instrumentos dos genes.
Explicando: os genes controlam o corpo através de síntese proteica, um método muito eficaz, mas muito lento para responder a estímulos exteriores. A resposta dos genes foi a criação de máquinas pré-programadas que soubessem responder correctamente (este correctamente será sempre no interesse dos genes) ao maior número de estímulos. Pois nós somos essas máquinas, construídas à imagem e interesse dos genes.

Com o advento da consciência humana, tornou-se possível ignorar algumas das programações dos genes (não sei como será noutros animais). E põe-se a seguinte questão: olhando para o mundo como ainda é hoje, nós que por vezes nos sentimos orgulhosos ao chamar-nos 'civilizados' não fazemos mais que submeter-nos, na maior parte das vezes, aos desejos egoístas dos genes. Qual será o próximo passo evolutivo?

(pessoalmente, acho que neste momento estamos a caminho de um equilíbrio entre a programação dos genes e a programação feita pela educação. Mas como sempre, isto são coisas que levam muitos, muitos anos, décadas e séculos.
Ang3luz, tu é que és o geneticista, se houver alguma coisa a corrigir avisa ;) )