Do Princípio da Incerteza ao Mu Shin Parte I
[em "Calvin&Hobbes: There's Treasure Everywhere" p. 30 AUTOR: Bill Watterson]
Versão Portuguesa: Calvin observando as estrelas grita "Sou Importante!!"... "Gritou o grão de areia..."
Foi no ínicio do século XX, no "boom" da Mecânica Quântica, que Heisenberg inseriu um dos mais famosos princípios da Teoria Quântica - refiro-me ao Princípio da Incerteza de Heisenberg.
A revolução conceptual posterior à sua introdução é, no mínimo, fascinante. Basicamente Heisenberg diz-nos que é impossível conhecer em simultâneo a posição e a velocidade de uma partícula sem que haja inerente uma incerteza. Em termos práticos: se tivermos uma partícula em movimento com velocidade definida, não conseguimos saber a sua posição (temos uma incerteza infinita!), isto é, no momento em que a tentamos observar existe uma probabilidade [embora pequena] de ela se encontrar em qualquer ponto do Universo. (*)
A razão deste fenómeno é que para que possamos observar uma das variáveis, nós Homem temos de interferir e assim, automaticamente é incutida a incerteza à outra variável [físicos como Schrödinger e Einstein mostraram-se relutantes face à imposição de que, nestas condições, a nossa existência é crucial para que tudo possa existir - até à altura impunha-se a ideia de existir uma realidade independente da nossa existência]
A meu ver isto traduz uma dimensão muito profunda das micro e macro relações que governam o Universo, não só a nível puramente físico, mas biológico, psíquico e interpessoal - é o preço a pagar por existirmos: o livre arbítrio (que talvez não passe de uma incerteza :)) Um livre arbítrio de que usufruimos mas que não nos pertence - "Condenados a ser livres" como dizia Jean-Paul Sartre.
(continua...)
(*) Uma experiência um tanto "weird" é o bombardeamento de uma placa metálica com um electrão, existindo na placa dois pequenos buracos afastados: verifica-se que o electrão atravessa os dois buracos ao mesmo tempo!
<< Home