Ciência do Sexo - parte II
Na sequência dos posts "Ciência do Sexo", vou aproveitar para responder a uma pergunta que deixaram nos comentários e que vai no seguimento lógico do post anterior - porque razão a fecundação se dá apenas com um espermatozóide por óvulo? A penetração por mais de um espermatozóide, fenómeno de seu nome polispermia, é fatal para o desenvolvimento embrionário, pois dele pode resultar uma segregação cromossomal deficiente. O processo de selecção começa a partir do momento da ejaculação: dos cerca de 300 milhões de espermatozóides ejaculados apenas uma centena alcançará as trompas. A adicionar a isto, todos eles deverão ser capacitados para que a fertilização possa acontecer. No entanto o óvulo desenvolveu mecanismos mais específicos para evitar a polispermia, os quais variam um pouco de espécie para espécie, mas que caiem em dois grandes grupos: o bloqueio rápido e o bloqueio lento.
1) Bloqueio Rápido: posteriormente ao processo apresentado no ultimo post, vai ocorrer um fluxo de iões cálcio para o interior da célula que leva a uma despolarização da membrana plasmática (alterando o potencial intermembranar) - esta alteração vai temporariamente impedir que novos espermatozóides fundam a a sua membrana com a do oócito.
2) Bloqueio Lento (esquematizado na animação): a fusão do espermatozóide ao oócito vai também provocar a secreção de iões cálcio do retículo endoplasmático (um organelo intracelular), o que desencadeia a fusão de várias vesículas, os granulos corticais (a vermelho, na animação), com a membrana plasmática - isto liberta enzimas degradadoras (proteases) que vão destruir os receptores para os espermatozóides existentes na camada de glicoproteínas (zona pelúcida). Isto conduz depois a um enrijecimento da zona pelúcida, dando origem ao invólucro de fertilização, e assegurando uma protecção permanente (mas mais lenta) à penetração de novos espermatozóides.
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