A Dança do Sopro
Como já aqui referi várias vezes, uma das coisas que mais me impressiona é aquele instante em que experienciamos o interpenetrar das diferentes dimensões do ser humano. Em 2001 decorreu no Centro Cultural de Belém um espectáculo chamado "Dança do Sopro", dirigido por Georges Stobbaerts e Luís Damas onde a dança se misturava, numa simbiose perfeita, com as artes do movimento do Oriente.
"A Dança e o Budo têm, para além de uma semelhança, a mesma raiz e os mesmos objectivos. O aspecto semelhante é óbvio de imediato, porque ambas as artes têm um lado coreográfico, sonoro e gestual, mais ou menos expressivo ou mais ou menos interiorizado. A raiz é idêntica porque a respiração é essencial, o corpo é o mesmo e movimenta-se na tentativa de alcançar o equilíbrio, de realçar e explorar novas formas ou até de se confundir com a natureza. Os objectivos são idênticos ainda, porque, em ambos os casos, se pretende um espírito desperto, em estado de alerta, e disponível para o imprevisto. Na Dança e no Budo, as situações apresentam-se, por vias diferentes mas convergentes, como que envoltas por um encantamento onde a busca da beleza nos revela a essência da Arte."
Georges Stobbaerts é um profundo conhecedor do Oriente e do Ocidente e a forma como consegue transmitir essa sua fascinação é poesia para os meus ouvidos. Já no ano de 2002 decorreu no Centro Cultural Olga Cadaval um evento semelhante (a evolução natural do primeiro), o Festival TenChi onde participaram também Maria João e Rão Kyao.
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