No Japão, sê japonês
Desde muito cedo que sou um fascinado pelo Oriente, mais concretamente pela sociedade nipónica (e tudo começou com uma vontade de aprender japonês com 16 anos). Há uns dias discutia com um amigo, no Aikido, o quão difícil é compreender muitos dos comportamentos e atitudes dos japoneses, muitos dos quais paradoxais ou inaceitáveis numa leitura do mundo ocidental. Muitos sociólogos, antropólogos e historiadores que se debruçam sobre a evolução da sociedade japonesa são unânimes em dizer que para se perceber esta forma diferente de estar na vida é necessário ser japonês. Toda a sociedade japonesa foi construída com base num conceito de importação e melhoramento, desde a língua e sistema de escrita (importado da china), passando por vários aspectos da sua cultura (como a música e o teatro) e pela filosofia (por exemplo, as duas escolas principais do Zen evoluiram a partir de uma divergência no t'chan chinês). E é incrível o despojamento e capacidade de readaptação com que vivem. Tendo estado isolados até cerca do século XVI (altura em que o mundo Ocidental entrou, em todos os sentidos, no micro-mundo Japonês) conseguiram em muito pouco tempo adaptar-se a novas formas de pensar (embora sempre tenham preservado até hoje parte da sua cultura ancestral) - é aliás esta postura que lhes permite ser uma das nações mais avançadas do ponto de vista tecnológico. Creio que por isto e muitas outras razões, estudar o Japão e o ser japonês é, para além de um excelente exercício intelectual, uma forma de expandir um pouco a nossa visão do Mundo, da pluralidade e diversidade das sociedades.
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