Eu macho, tu machas... - para quando o fim?
Hoje de manhã, quando acordei, dei um pulo ao Cacaoccino, como usualmente faço, e deparei-me com um post que me deixou entre o perplexo e o solenemente irritado. O machismo exacerbado ao seu expoente máximo é, no mínimo, degradante, insultuoso à dignidade humana... enfim. Esta cultura do sexismo, ainda enraízada na (a)cultura portuguesa, é um dos sinais mais evidentes de como ainda nos falta percorrer um longo caminho para a tomada de consciência da plenitude do ser humano.
Ainda este Sábado assisti a cenas semelhantes às descritas pela Sara, numa reportagem que passou na SicNotícias sobre a cultura do sexismo em Espanha. Enquanto uma repórter se passeava pela rua, numa zona de construção civil, podiam ouvir-se dos mais comuns piropos às maiores obscenidades. Quando duas mulheres andavam à procura de trabalho na construção civil era frequente ouvir-se o responsável pela obra dizer que aquilo não era um serviço para mulheres, que exigia muito esforço físico; os outros, que diziam que não tinha nada a ver com o trabalho árduo em si, argumentavam que não se podiam responsabilizar pelo que viesse a acontecer durante o horário de expediente, que os homens iriam ficar "perturbados" [o homem essa besta sedenta de sexo...]. Durante uma partida de futebol arbitrada por uma mulher, cantavam-se "hinos à procriação" [não sei se o eufemismo é a melhor figura de estilo a utilizar aqui]...
Mas mesmo assim, de tudo isto, aquilo que mais me comoveu foi um senhor, nos seus 40-50 anos que dizia convictamente:
"Eu não sou machista nem nada dessas coisas - mas uma mulher serve para a queca e para tratar dos filhos... e algumas nem para a queca servem"
Hoje é dia 31 de Maio de 2004. Sim. Estamos no tão esperado século XXI.
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